Dia Mundial da Água: em tempos de coronavírus, ONU lembra que bilhões vivem sem água potável suficiente

Imagem de Susanne Jutzeler, suju-foto por Pixabay
Relatório Mundial de Desenvolvimento da Água das Nações Unidas foi lançado este domingo (22); até 2050, entre 3,5 bilhões e 4,4 bilhões de pessoas viverão com acesso limitado a esse recurso; uso aumentou seis vezes no século passado e está crescendo cerca de 1% ao ano.  

Em mensagem sobre o Dia Mundial da Água, marcado neste 22 de março, o chefe da ONU lembrou que cerca de 2,2 bilhões de pessoas carecem de água potável e 4,2 bilhões vivem sem acesso a saneamento adequado. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “os recursos hídricos do mundo estão sob ameaça sem precedentes.”

De acordo com a ONU, se o mundo não atuar com urgência, os impactos das mudanças climáticas farão crescer esses números. Até 2050, entre 3,5 bilhões e 4,4 bilhões de pessoas viverão com acesso limitado à água, com mais de 1 bilhão morando nas cidades.

Este ano, o Dia Mundial da Água destaca o impacto da mudança climática. A água é o principal meio para se perceber os efeitos dessas mudanças, seja através de secas e inundações, derretimento de glaciares e aumento do nível do mar.

O aquecimento global deve criar uma concorrência sem precedentes pelos recursos hídricos, levando ao deslocamento de milhões de pessoas, aumentando a instabilidade e o conflito.

Para o secretário-geral, a solução é clara. É preciso aumentar, urgentemente, os investimentos em bacias hidrográficas saudáveis e melhorar, de forma drástica, a eficiência do uso da água. Para ele, “todos têm um papel a desempenhar.”

Relatório

Este domingo, também foi lançado o Relatório Mundial de Desenvolvimento da Água das Nações Unidas, publicado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.

Saúde

Segundo a pesquisa, o uso da água aumentou seis vezes no século passado e está subindo cerca de 1% ao ano. A mudança climática deve agravar a situação em países que já enfrentam problemas de falta de água e causar problemas semelhantes em áreas que ainda não foram afetadas.

Em nota, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, diz “que a água não precisa ser um problema, pode ser parte da solução.”

Nos próximos anos, devem aumentar os riscos de poluição da água e contaminação por patógenos. Os impactos também serão sentidos na produção de alimentos e saúde física e mental das populações.

Muitos ecossistemas, principalmente florestas e pântanos, também estão ameaçados, reduzindo a biodiversidade. O abastecimento de água deve afetar a agricultura, que é responsável pelo uso de 69% de toda a água doce, mas também na indústria, produção de energia e até pesca.

Regiões

Grande parte do impacto será sentido nos trópicos, onde estão localizados a maioria dos países em desenvolvimento. As áreas montanhosas também são excepcionalmente vulneráveis.

Segundo os autores do relatório, a necessidade de melhorar a gestão das águas é reconhecida, mas não está sendo traduzida em realidade.

A chefe da Unesco afirma que “a palavra água raramente aparece nos acordos internacionais sobre o clima.” Segundo

Audrey Azoulay, as contribuições dos Estados-membros sobre o Acordo de Paris permanecem vagas, sem planos específicos para a água.

Fonte: ONU News