
Mercado formal aquece, rendimento médio sobe e país registra menor nível de desalentados desde 2016.
A taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio de 2025, o menor patamar já registrado para esse período desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), iniciada em 2012. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e confirmam um mercado de trabalho aquecido, com alta na formalização, no rendimento e queda da desocupação.
O percentual representa 6,8 milhões de brasileiros em busca de trabalho, uma redução de 12,3% (ou 955 mil pessoas) em relação ao mesmo período do ano anterior. No trimestre anterior, encerrado em fevereiro, a taxa de desocupação estava em 6,8%, e em maio de 2024 era de 7,1%. Já o total de ocupados chegou a 103,9 milhões de pessoas, um crescimento de 1,2%.
Emprego com carteira atinge recorde
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado alcançou a marca histórica de 39,8 milhões, um aumento de 3,7% frente ao mesmo trimestre de 2024. Segundo o IBGE, esse avanço contribuiu para a redução da informalidade, que caiu para 37,8%. Isso representa 39,3 milhões de brasileiros atuando sem vínculo formal — ainda um número elevado, mas menor que os 38,6% registrados no mesmo período do ano passado.
A pesquisa também mostra estabilidade no número de empregados sem carteira assinada (13,7 milhões) e crescimento do número de trabalhadores por conta própria com CNPJ, que subiu 3,7%, somando mais 249 mil pessoas formalizadas nessa categoria. O total de trabalhadores por conta própria chegou a 26,1 milhões, o maior já registrado.
De acordo com William Kratochwill, analista da pesquisa, o movimento de formalização está diretamente ligado à percepção positiva da população sobre o mercado de trabalho. “As pessoas percebem mais oportunidades. Se não conseguem trabalho como empregados, buscam alternativas autônomas e acabam se formalizando por conta própria”, afirmou.
Desalento cai ao menor nível em quase uma década
Outro indicador positivo do levantamento foi a redução do número de desalentados — aqueles que desistiram de procurar trabalho — para 2,89 milhões, o menor número desde 2016. Segundo Kratochwill, esse dado confirma a recuperação consistente do mercado de trabalho brasileiro: “O aumento da ocupação gera mais oportunidades, percebidas pelas pessoas que estavam desmotivadas”.
Rendimento e massa salarial crescem
O rendimento médio real habitual do trabalhador brasileiro subiu para R$ 3.457, alta de 3,1% frente ao mesmo trimestre de 2024. A massa de rendimentos, ou seja, o total de salários pagos, também foi recorde: R$ 354,6 bilhões, valor que injeta recursos na economia e estimula o consumo interno.
Com o avanço do mercado formal, o número de pessoas que contribuem para a previdência social também atingiu recorde: 68,3 milhões de contribuintes.
Economia segue aquecida, apesar de juros altos
Os dados do IBGE indicam que o mercado de trabalho segue resiliente, mesmo diante de um cenário macroeconômico de juros altos. A taxa básica Selic está em 15% ao ano, com o objetivo de conter a inflação, que acumulou 5,32% nos últimos 12 meses — acima da meta de 3% do Banco Central, com tolerância até 4,5%.
Apesar disso, Kratochwill avalia que os efeitos da política monetária ainda não desaceleraram o emprego. “O mercado de trabalho continua avançando. A economia está aquecida e o que virá depende das próximas decisões de política econômica”, declarou.
Setor público puxa contratações
O único segmento que registrou crescimento significativo no número de ocupados foi o de administração pública, educação, saúde e serviços sociais, com alta de 3,7% em relação ao trimestre anterior. Isso se deve, segundo o IBGE, à sazonalidade do início do ano letivo, que costuma impulsionar contratações de professores e profissionais de apoio nas redes públicas.