Cultura no Brasil avança em empregos e empresas, mas perde espaço na economia

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O mais recente conjunto de indicadores culturais do IBGE mostra que, apesar do avanço em números absolutos, o setor cultural não ampliou sua relevância dentro da economia brasileira na última década. O país ganhou empresas, ampliou ocupações e diversificou atividades culturais, mas a participação relativa do setor no PIB e na receita das empresas diminuiu ao longo dos últimos dez anos.

Entre 2013 e 2023, a fatia de empresas culturais no total nacional subiu de 8,0% para 8,6%. Mesmo assim, a participação na receita líquida caiu de 7,7% para 5,6%, e o valor adicionado ao PIB recuou de 10,5% para 8,3%. Ao todo, o setor movimentou cerca de R$ 910 bilhões e gerou quase R$ 388 bilhões em valor adicionado no último ano analisado.

O levantamento também apontou que o setor empregou 5,9 milhões de pessoas em 2024 — o maior número da série histórica. Ainda assim, a participação no total de ocupados do país permanece estável, em 5,8%. Os trabalhadores da cultura mantêm nível de escolaridade acima da média nacional, mas a informalidade segue significativa, especialmente nas áreas de artes, audiovisual e atividades comunitárias.

No campo do financiamento público, o estudo indica que os gastos com cultura quase dobraram em valores nominais nos últimos dez anos, subindo de R$ 8,5 bilhões para R$ 18,9 bilhões. Porém, a parcela desses investimentos no total das despesas públicas permaneceu baixa, passando de 0,40% para 0,38% no período, com leve recuperação entre 2021 e 2023, puxada principalmente pelos municípios.

Os dados revelam um setor em crescimento formal e com maior presença institucional, mas que ainda enfrenta dificuldade para acompanhar o ritmo da economia brasileira. A combinação de informalidade elevada, baixa participação no orçamento público e queda proporcional na geração de valor aponta desafios estruturais que exigem políticas de fomento mais amplas e continuadas.