
Relatório mostra que campanhas rápidas evitam mortes, geram bilhões em economia e são vitais contra ameaças futuras como ebola e sarampo.
Vacinas aplicadas em caráter emergencial reduziram quase pela metade as mortes provocadas por surtos de doenças infecciosas nos últimos 23 anos, segundo estudo divulgado esta semana. A pesquisa, publicada no periódico científico BMJ Global Health, analisou 210 surtos em 49 países de baixa renda desde o ano 2000 e revelou que a vacinação rápida pode reduzir as mortes em até 99%, como foi o caso da febre amarela.
O levantamento foi conduzido pela Gavi, a Vaccine Alliance, em colaboração com o Instituto Burnet, da Austrália. Os dados reforçam o que especialistas em saúde pública já sabiam na prática: responder rapidamente com vacinas salva vidas — e bilhões em custos evitáveis.
Impacto direto: vidas salvas e bilhões em perdas evitadas
De acordo com a Gavi, campanhas de vacinação emergencial evitaram cerca de US$ 32 bilhões em perdas econômicas, além de incontáveis mortes e incapacidades permanentes. Só no caso do ebola, surtos controlados com vacinação emergencial apresentaram queda de 76% nas mortes. Já para o sarampo, as reduções foram de 59% nos casos e 52% nos óbitos.
“Pela primeira vez conseguimos quantificar de forma abrangente o benefício humano e econômico da vacinação contra surtos de doenças mortais”, disse Sania Nishtar, CEO da Gavi. “O estudo demonstra o poder das vacinas como medida econômica frente aos riscos globais crescentes.”
Ganhos por doença
O estudo destacou os seguintes resultados:
- Febre amarela: mortes caíram 99% após vacinação emergencial.
- Ebola: redução de 76% nas mortes.
- Sarampo: quedas de 59% nos casos e 52% nos óbitos.
- Cólera: 28% menos casos e 36% menos mortes.
- Meningite: queda de 27% nos casos e 28% nas mortes.
Esses dados demonstram que, mesmo em contextos de infraestrutura precária, como regiões afetadas por cólera e meningite, a vacina continua sendo a estratégia mais eficiente para salvar vidas.
Um lembrete da COVID-19
A pandemia de COVID-19 serviu como prova do valor imensurável das vacinas. Segundo a Lancet, cerca de 20 milhões de vidas foram salvas no primeiro ano da vacinação global contra o coronavírus. Por outro lado, o período também interrompeu campanhas de vacinação rotineiras, agravando a vulnerabilidade de crianças a doenças como poliomielite e sarampo.
Vacinação de rotina: o outro pilar essencial
O estudo ressalta que o sucesso das ações emergenciais depende de sistemas sólidos de imunização de rotina. Sem cobertura básica, mesmo surtos evitáveis se tornam crises sanitárias.
Nesse contexto, a Gavi planeja, entre 2026 e 2030, expandir estoques de vacinas e acelerar o acesso a imunizantes essenciais, com foco em regiões de alto risco. A aliança também pretende apoiar campanhas preventivas contra doenças como hepatite E e reforçar parcerias com agências da ONU, como OMS e UNICEF, para alcançar comunidades remotas.