O setor cafeeiro do Espírito Santo projeta um cenário de crescimento para 2026, impulsionado por uma combinação de safra mais robusta e avanços na infraestrutura portuária. Após um ano marcado por oferta mais restrita de café por parte dos produtores e influência de fatores externos no comércio internacional, exportadores avaliam que o próximo ciclo deve representar um ponto de retomada e expansão.
Entre janeiro e outubro de 2025, os portos capixabas embarcaram cerca de 3,7 milhões de sacas de café, com previsão de encerramento do ano em aproximadamente 4,4 milhões de sacas. Embora o volume seja inferior ao registrado em anos recentes — como em 2024, quando o Estado exportou 8,4 milhões de sacas — o resultado financeiro se destaca. A receita cambial acumulada até outubro chegou a US$ 1,061 bilhão, aproximando o Espírito Santo da segunda maior arrecadação da história do café capixaba.
Segundo o Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), o desempenho de 2025 foi diretamente afetado pela oferta mais enxuta, mesmo diante de preços acima da média histórica, especialmente no caso do conilon. O cenário internacional também exerceu pressão, com maior competitividade do robusta vietnamita e tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre cafés brasileiros. Ainda assim, o conilon capixaba manteve posição relevante nos blends internacionais, movimento considerado estratégico para consolidar o produto no mercado global.
Para 2026, as perspectivas são positivas. As condições climáticas favoráveis e os investimentos dos produtores em mecanização, renovação de lavouras e manejo devem resultar em safra expressiva, especialmente no norte do Estado, principal região produtora de conilon no país.
A melhora da infraestrutura portuária é outro fator que reforça o otimismo dos exportadores. O Terminal de Vila Velha (TVV), operado pela Log-In Logística Integrada, concluiu um amplo programa de modernização e, recentemente, tornou-se o primeiro porto da América Latina a operar portêineres de forma remota. Em 2026, o terminal ganhará uma área adicional de 65 mil m², aumentando sua capacidade de recepção, estufagem e embarque de café.
Além do TVV, os terminais da VPorts e da Portocel também se estruturam para ampliar a movimentação do produto, incluindo operações na modalidade break-bulk, que diversifica alternativas logísticas e pode reduzir custos.
De acordo com o presidente do CCCV, Fabrício Tristão, a convergência entre safra maior e logística fortalecida deve colocar o Espírito Santo em posição ainda mais estratégica no comércio internacional:
“A modernização dos terminais e o fortalecimento das relações comerciais ampliam nossa capacidade de escoamento. A expectativa é otimista para 2026”, afirmou.
Com a combinação de produção crescente, demanda consolidada e melhores condições de embarque, o café do Espírito Santo tende a ganhar ainda mais espaço no mercado global, reforçando o papel do Estado como um dos principais polos exportadores do mundo.
