Brinquedos assassinos: pistolas vendidas online são armas letais, diz polícia do Japão

Foto de Andrey Matveev na Unsplash

O que parecia ser uma simples venda online de pistolas de brinquedo revelou-se um perigo mortal. Desde junho de 2022, a polícia japonesa vem alertando sobre modelos fabricados na China que, apesar de anunciados como “brinquedos”, são tão potentes quanto armas de fogo reais. Segundo a Agência Nacional de Polícia (NPA), 16 desses modelos foram confirmados como capazes de disparar munição real e apresentar potência letal suficiente para matar ou mutilar pessoas.

A descoberta, de acordo com o Asahi Shimbun, ocorreu por meio de patrulhas cibernéticas conduzidas pela polícia municipal e pelo Departamento de Polícia Metropolitana de Tóquio. Em um site nacional de compras, essas pistolas eram comercializadas com balas de plástico, mas testes realizados pelas autoridades mostraram que elas poderiam facilmente ser adaptadas para disparar munição convencional, transformando-as em verdadeiras armas de fogo.

Imagem: Polícia Japonesa

No Japão, onde as leis de controle de armas são extremamente rígidas, crimes envolvendo armas de fogo são raríssimos. Contudo, a circulação dessas pistolas de brinquedo representa uma brecha preocupante na segurança pública. Para enfrentar o problema, desde novembro de 2023, a polícia passou a emitir avisos públicos em seus respectivos sites, recomendando à população que evite comprar tais produtos e denuncie qualquer anúncio suspeito.

Os esforços das autoridades já começam a surtir efeito. Até março deste ano, cerca de 30 violações da Lei de Controle de Armas de Fogo foram registradas após o início do alerta, resultando na apreensão ou recuperação de aproximadamente 1.100 armas. Apesar disso, a polícia continua enfrentando desafios significativos. Embora tenha solicitado aos operadores de sites nacionais que suspendam as vendas, essas armas continuam disponíveis em plataformas de comércio eletrônico internacionais, ampliando o risco de sua disseminação.

Os 16 modelos identificados como letais foram fabricados na China, destacando a necessidade de maior fiscalização no comércio internacional de produtos que podem ser usados para fins ilegais. Para combater essa ameaça crescente, a polícia japonesa está intensificando seus esforços para recuperar armas já adquiridas e conscientizar o público sobre os riscos envolvidos.

Essa situação levanta questões importantes sobre a regulamentação do comércio online e a responsabilidade dos operadores de plataformas digitais. Como evitar que produtos perigosos sejam vendidos sob falsas descrições? E, mais importante ainda, como proteger a sociedade de ameaças invisíveis que chegam até nós por meio de cliques?