BRICS redefine comércio coletivo para mitigar protecionismo global

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Em reunião virtual organizada pelo Brasil, os líderes do BRICS discutiram formas de ampliar os mecanismos de comércio dentro do bloco, em resposta ao avanço de tarifas e políticas protecionistas em diferentes regiões do mundo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a cúpula ressaltando que a integração financeira e o fortalecimento das trocas internas oferecem uma alternativa para reduzir a dependência do sistema internacional atual. Ele destacou que o grupo reúne 40% do PIB global, 26% do comércio mundial e quase metade da população do planeta, o que lhe confere capacidade para liderar novas formas de cooperação.

Lula também chamou atenção para o papel do Novo Banco de Desenvolvimento como motor de diversificação econômica. Para ele, a complementaridade entre as economias do bloco pode impulsionar setores de alta tecnologia e promover uma industrialização verde, com geração de emprego e renda.

Outro ponto central do encontro foi a crise de governança global. O presidente brasileiro afirmou que a Organização Mundial do Comércio está paralisada e que princípios básicos, como o da Nação Mais Favorecida, perderam eficácia diante de medidas unilaterais. Segundo ele, a prática crescente da “chantagem tarifária” transforma tarifas e sanções em instrumentos políticos, usados para interferir em questões internas de outros países.

Participaram da reunião os chefes de Estado da China, Rússia, África do Sul, Egito, Indonésia, Irã, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, além da Índia, representada pelo ministro das Relações Exteriores. Todos reforçaram a necessidade de ampliar a solidariedade e a coordenação econômica no grupo.

A agenda incluiu ainda debates sobre conflitos internacionais, reformas das instituições multilaterais e o convite para que os líderes estejam presentes na COP30, marcada para novembro em Belém. O premiê indiano, por meio de mensagem oficial, defendeu que o comércio não deve ser condicionado a questões políticas e que é essencial garantir estabilidade e previsibilidade para investimentos.

O presidente chinês Xi Jinping também criticou as guerras tarifárias e seus efeitos sobre o comércio global. Já Lula afirmou que o aumento recente das tarifas contra Brasil e Índia representa uma forma de pressão política que atinge diretamente setores estratégicos da economia.

Especialistas avaliam que o protecionismo crescente, sobretudo dos Estados Unidos, vem fragilizando o sistema multilateral de comércio e forçando países emergentes a buscar alternativas em blocos como o BRICS. A expectativa é de que os próximos meses tragam novas propostas de integração financeira e comercial dentro do grupo.