
Os países do Brics anunciaram nesta segunda-feira (7) uma nova aliança internacional para combater as chamadas “doenças da pobreza”. O grupo, formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, além de parceiros como Malásia, Bolívia e Cuba, lançou a Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs).
O objetivo da iniciativa é unir esforços na pesquisa, prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças como tuberculose, hanseníase, malária e dengue — enfermidades que afetam principalmente populações em situação de vulnerabilidade no Sul Global. Essas doenças, muitas vezes negligenciadas em países ricos, recebem menos investimentos internacionais.
Segundo informações do documento divulgado pelo Brics, a parceria buscará mobilizar recursos financeiros do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Banco Mundial e outros bancos multilaterais, além de estimular parcerias público-privadas e captar doações internacionais.
Entre as metas da iniciativa estão:
- Fortalecer sistemas de saúde e garantir acesso a vacinas, diagnóstico precoce e tratamento;
- Promover ações intersetoriais que ampliem o combate aos determinantes sociais, econômicos e ambientais dessas doenças;
- Incentivar a pesquisa e inovação, inclusive com uso de inteligência artificial para diagnóstico e monitoramento;
- Ampliar a cooperação internacional e alinhar políticas com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
A declaração final da 17ª Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, destacou a importância de colocar a eliminação das DSDs no centro da agenda global. O tema é uma das prioridades da presidência brasileira do grupo em 2025, inspirado pelo Programa Brasil Saudável, que busca enfrentar problemas sociais e ambientais associados à saúde pública.
De acordo com o Ministério da Saúde, doenças como a tuberculose ainda representam um desafio no Brasil. Em 2023, o país registrou cerca de 76 mil novos casos, segundo dados oficiais. A hanseníase e a malária também persistem como problemas de saúde pública em áreas específicas, principalmente na Amazônia.
A iniciativa do Brics reforça o apelo de organizações internacionais, como a OMS, para que mais investimentos sejam destinados ao combate dessas doenças, que afetam milhões de pessoas e têm forte relação com falta de acesso a serviços de saúde, saneamento básico e condições precárias de moradia.
O documento divulgado pelo Brics prevê, ainda, a realização de seminários técnicos, capacitação de profissionais e criação de redes de pesquisa para acelerar as ações. O grupo também defende a harmonização de sistemas de notificação, vigilância e intercâmbio de dados em tempo real entre os países.
A expectativa é que a parceria contribua para a redução das desigualdades em saúde, ampliando o acesso a tratamentos e fortalecendo a resposta internacional a epidemias que continuam a atingir as populações mais vulneráveis do planeta.