Brasil contrata navios de cruzeiro para hospedar delegações da COP30 em Belém

Foto: divulgação

Navios vão ampliar oferta de leitos na capital paraense, que receberá a maior conferência climática do mundo entre 10 e 21 de novembro.

O governo federal anunciou a contratação de dois navios de cruzeiro para servir como hospedagem flutuante durante a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que será realizada em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025. A medida visa suprir a alta demanda por leitos na capital paraense, que deverá receber mais de 30 mil participantes de todo o mundo.

As embarcações contratadas são o Costa Diadema, com capacidade para 4.500 hóspedes, e o MSC Seaview, que pode acomodar até 5.300 passageiros. Os navios ficarão atracados no porto do distrito de Outeiro, e o terminal hidroviário da cidade passará por ampliações para facilitar o acesso dos visitantes.

Segundo Valter Correia, secretário extraordinário da Presidência para a COP30, a iniciativa busca garantir uma infraestrutura adequada para a realização do evento, considerado atualmente o maior da Organização das Nações Unidas (ONU) em escala global. “Estamos construindo uma estrutura robusta para assegurar a presença de todas as delegações e fazer da COP30 uma das melhores da história”, afirmou durante encontro com 103 embaixadas em Brasília.

Belém terá hospedagem em navios, hotéis e residências

Além dos cruzeiros, a chamada Vila de Líderes contará com cerca de 400 quartos destinados às comitivas oficiais. A estratégia do governo inclui também a mobilização de hotéis, pousadas, casas e apartamentos alugados por moradores locais, totalizando uma estimativa de 32 mil leitos para receber os participantes.

A infraestrutura urbana de Belém, no entanto, ainda é uma preocupação. O governo do Pará calcula investimentos de até R$ 5 bilhões em obras de drenagem, recuperação de canais e mobilidade urbana para garantir a capacidade da cidade de sediar um evento dessa magnitude. As reformas visam não apenas atender à demanda da COP30, mas também deixar um legado de melhorias para a população local.

Chamada à responsabilidade climática

Durante sua fala, Correia destacou que a conferência não será um evento festivo, mas sim um momento de “tensão diplomática”, no qual os países precisam avançar com compromissos concretos de médio e longo prazo. Ele mencionou que o financiamento climático global ainda está longe da meta de US$ 1,3 trilhão, tendo alcançado apenas US$ 300 bilhões na última conferência, em Baku, no Azerbaijão.

O secretário também fez um apelo para que os países enviem delegações enxutas, compostas prioritariamente por negociadores climáticos. A intenção é evitar a superlotação e manter o foco nos debates técnicos e diplomáticos. “Precisamos sensibilizar os países para reduzir o número de participantes excedentes e priorizar os negociadores”, reforçou.

COP30 no Brasil: expectativa e desafio

Esta será a primeira vez que a COP será realizada na Amazônia e a segunda vez no Brasil — a primeira foi a COP3, em 1997, no Rio de Janeiro. A escolha de Belém é simbólica e estratégica, colocando o bioma amazônico no centro das discussões sobre o futuro climático do planeta.

A expectativa do governo é de que a COP30 reforce o papel do Brasil como líder nas negociações ambientais e no combate às mudanças climáticas, especialmente em um momento em que o mundo busca acelerar a transição energética e ampliar a justiça climática para os países em desenvolvimento.