Nas ruas de Gaza, famílias esperam por horas na esperança de conseguir um saco de farinha ou algumas garrafas de água. O que antes era rotina virou sobrevivência cotidiana.
O território enfrenta uma crise humanitária crescente, mesmo sob um cessar-fogo que permanece instável. A entrada de ajuda é insuficiente, e organizações internacionais alertam para risco de fome em larga escala. Ao mesmo tempo, tensões militares e disputas políticas ameaçam romper a trégua a qualquer momento.
Apesar do cessar-fogo ainda em vigor, a Faixa de Gaza vive uma situação dramática. O bloqueio imposto por Israel continua a restringir severamente a entrada de alimentos, combustível e medicamentos. Dados do Gabinete de Mídia de Gaza, citados pela Al Jazeera, indicam que apenas 171 caminhões de ajuda entram por dia, menos de um terço dos 600 estabelecidos no acordo inicial.
A limitação gera consequências diretas no cotidiano. Hospitais funcionam com geradores próximos do colapso, abrigos estão superlotados e milhares de famílias dependem de distribuição de alimentos reduzida. A ONU alerta que o número de crianças em risco de desnutrição severa aumenta a cada semana.
Além disso, há relatos de que itens essenciais, como carne, vegetais, ovos e laticínios, continuam bloqueados, enquanto produtos como refrigerantes, chocolate e batatas fritas têm sido autorizados a entrar. Organizações humanitárias classificam o cenário como “inviável” e apontam falha no fornecimento básico de nutrientes.
Disputa nos túneis coloca trégua em risco
Paralelamente à crise civil, uma situação militar tensa se desenvolve sob o solo. De acordo com o The Wall Street Journal, centenas de combatentes do Hamas permanecem em túneis na área controlada por Israel, com suprimentos escassos e poucas rotas de fuga.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirma que esses combatentes devem se render ou serão alvo de operações militares. O Hamas, por sua vez, comunicou a mediadores que seus membros não pretendem abandonar suas posições.
Analistas acreditam que uma ofensiva subterrânea pode gerar um reinício imediato dos combates, rompendo o cessar-fogo.
Escalada no Líbano e tensões em Jerusalém
No fronte norte, o exército israelense anunciou ataques a posições do Hezbollah no sul do Líbano, aumentando o risco de expansão regional do conflito.
Em Jerusalém, a entrada de mais de 900 israelenses no complexo da Mesquita de Al-Aqsa provocou críticas do Waqf Islâmico, responsável pela administração religiosa do local. O episódio reacende o debate sobre o acordo de Status Quo, que busca evitar confrontos em um dos locais mais sensíveis do mundo.
Perspectivas
A ONU, União Europeia e diversos grupos humanitários reforçam que a trégua só será sustentável se houver aumento imediato da ajuda e garantia de segurança para civis. Porém, até o momento, nenhuma sinalização concreta indica que isso acontecerá no curto prazo.
Sem mudanças, Gaza pode enfrentar um cenário ainda mais grave nas próximas semanas.
