A Liberdade de Imprensa sob cerco: abertura do Festival Internacional de Jornalismo destaca ameaças urgentes

Charge sobre a morte de jornalistas publicada pela ONU News

A voz de um jornalista é a primeira vítima quando a democracia enfraquece. Nesta sexta-feira, os holofotes do Festival Internacional de Jornalismo em Perugia, Itália, se voltaram para os perigos reais que minam a liberdade de imprensa. Num mundo em crise, economias frágeis, leis opressoras e violência silenciosa ameaçam a verdade. Jornalistas expõem, no palco, como governos e corporações consolidam o controle sobre a mídia. E deixam claro: sem um jornalismo livre, a sociedade perde seu farol contra a escuridão da mentira.

Panorama e Contexto

O evento, realizado neste 11 de julho de 2025, colocou no centro do debate as pressões enfrentadas pelo jornalismo global. A segunda edição focou em:

  • Pressão econômica: segundo o Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa (RSF), em 2025 a “situação difícil” é global, impulsionada por veículos fragilizados financeiramente, que dependem de oligopólios ou verba estatal opaca.
  • Agressões diretas: jornalistas relatam ameaças, judicialização abusiva e violência física — tanto em democracias como nos EUA e Europa, quanto em regimes autoritários .
  • Desinformação exponencial: campanhas de fake news, leis restritivas e ataques cibernéticos intensificam o que organizações do festival definiram como “assalto global” à imprensa .

Vozes do Festival

  • Painel com advogados e especialistas: Caoilfhionn Gallagher e Karen Kaiser analisaram nações como EUA e Reino Unido, mostrando como leis e processos judiciais são usados para intimidar a imprensa.
  • Reportagens especiais relataram as operações de apoio a jornalistas exilados — por exemplo nicaraguenses que continuam produzindo sob ameaça, como destacou a premiação da La Prensa pela UNESCO.
  • Debate sobre economia midiática: estudiosos e executivos evidenciaram que a migração da verba publicitária para gigantes digitais drena recursos essenciais para mídias locais e independentes .

Ameaças Globais em Detalhe

Tipo de AmeaçaExemplos Recentes
Judicialização abusivaEUA: processos milionários contra veículos como CBS e congelamento de verbas públicas
Prisões e perseguiçõesAzerbaijão: jornalistas acusados de “contrabando”; Bancarrota de meios independentes na Nicarágua
Violência física e digitalGaza: mais de 178 jornalistas mortos; Reino Unido/EUA: ameaças e agressões relatadas por correspondentes

Soluções e Movimentos de Resistência

Participantes do festival propuseram ações práticas para proteger a imprensa:

  • Financiamento transparente: investimento público com controle democrático, fora de viés político ou interesses privados.
  • Apoio internacional: redes de solidariedade entre agências como RSF, CPJ, UNESCO e IFJ fortalecem jornalistas vulneráveis.
  • Resiliência digital e jurídica: treinamentos em segurança, criptografia, defesa legal e combate judicial a abusos de poder .

O Festival Internacional de Jornalismo deixou claro: a liberdade de imprensa está em um momento decisivo. Quando governos e grandes corporações minam o jornalismo, toda a sociedade paga o preço. A mensagem dos painéis foi unânime: sem pluralidade e independência, a verdade sucumbe. A resistência existe — e se manifesta em repórteres que seguem denunciando o real sob ameaças constantes. Agora, cabe a governos, plataformas digitais e público em geral apoiar financeiramente e juridicamente esse pilar da democracia.