
por Roberto Andrade
O ministro do STF, o carioca Luiz Fux, exerceu nesta quarta-feira (9/9) seu direito constitucional de votar no processo que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus sete associados de tentar dar um golpe de estado. Eles estão sendo julgados pelos seus atos porque o golpe falhou.
Fux não concorda que o STF seja o local onde o ex-presidente e seus associados devam ser julgados. Entretanto, esse mesmo Fux votou pela condenação de centenas de acusados em ações semelhantes, decorrentes da invasão das sedes dos poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, uma das ações mais visíveis da tentativa de golpe. Ou seja, a raia miúda que seguiu as orientações dos líderes da tentativa de golpe, e quebrou os prédios, pode ser julgada no STF, mas os cabeças, não.
Fux também não concorda que houve um “combinado” entre Bolsonaro e seus associados para dar um golpe. Segundo Fux, não houve organização criminosa. Engraçado, é que esse mesmo Fux, em março deste ano, aceitou a denúncia contra o grupo por… “organização criminosa”.
O voto de Fux foi um arrazoado “de nada com coisa nenhuma”, falou de tudo, menos da provas apresentadas pela Procuradoria Geral da República. Quis dar lição de como um magistrado deve se posicionar em um processo na tentativa de desqualificar seus pares e só conseguiu desqualificar a si mesmo. Falou mais que o relator Alexandre de Moraes e disse muito menos.
Se tinha posição de que o STF não era o fórum para o julgamento dos réus porque votou pela condenação da raia miúda de 8 de janeiro? Se acreditava que a trama golpista bolsonarista não tinha conexão com o oito de janeiro porque seguiu o relator Alexandre de Moares e diversas votações? Moraes sempre uniu as duas pontas, assim como o Procurador Geral, Paulo Gonet. Passou meses acompanhando o voto do relator e agora diz que não há comexão entre a tentativa de golpe e a destruição da sede dos poderes. É uma tentativa patética de tapar o sol com a peneira e justificar um voto exdrúxulo. A quem Fux quer agradar? A própria biografia é que não é!
Depois de uma sessão de mais de 13 horas, Fux condenou Mauro Cid e o general Braga Neto por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e absolveu todos os outros. Ou seja, Mauro Cid e Braga Neto tentaram dar um golpe sem que Bolsonaro e todo o governo soubessem. O golpe beneficiaria quem?
O voto Fux joga gasolina no esforço da oposição para votar a anistia no Congresso, abre brechas para uma possível anulação do julgamento no futuro, reforça os ataques do governo Trump contra Moraes e expõe vários outros ministros e a própria instituição da qual faz parte: o STF. Ou seja, é um traíra que preferiu garantir seu visto para visitar a Disney (se não tiver mais caroço nesse angú) a ver o óbvio: Bolsonaro e seus asseclas formaram uma organização criminosa para acabar com a nossa democracia.
Só falta agora o presidente Donald Trump convidar o ministro Fux para uma visita à Casa Branca para parabenizá-lo pelos seus excelentes serviços pelo esforço de fazer a América grande novamente.