Depois de mais de 100 anos de mistério digno de romance histórico, um dos diamantes mais lendários da Europa voltou à luz — e, para surpresa geral, não em um palácio europeu, mas em um cofre bancário no Canadá. O Diamante Florentino, com seus 137,27 quilates e tonalidade amarelo-clara de brilho elegante, saiu do campo das lendas para a vitrine da história real.
Durante décadas, especialistas apostaram em três hipóteses: roubo, desaparecimento definitivo ou o pior dos pecados para uma joia histórica — ter sido cortado em pedras menores. Nada disso aconteceu. O diamante estava inteiro, preservado e, acima de tudo, guardado em silêncio absoluto.
Uma joia que atravessou impérios
A trajetória do Diamante Florentino é longa e cheia de curvas. A pedra teria origem nas antigas minas da Índia, conhecidas por produzir algumas das gemas mais cobiçadas do planeta. Séculos depois, cruzou fronteiras, coroas e conflitos.
Passou pelas mãos do Duque Carlos, o Temerário, brilhou entre os Medici de Florença e, por fim, integrou o tesouro da Casa de Habsburgo, uma das dinastias mais poderosas da história europeia. Em outras palavras, o diamante viu nascer e ruir impérios — sempre em silêncio, sempre brilhando.
Guerra, exílio e um acordo de família
O sumiço começa no início do século 20. Com o colapso do Império Austro-Húngaro após a Primeira Guerra Mundial, a família imperial entrou em rota de fuga. As joias foram levadas para fora da Áustria e, mais tarde, durante a ascensão do nazismo, seguiram para o Canadá.
Coube à imperatriz Zita tomar uma decisão incomum: esconder o diamante em um cofre bancário e impor um pacto familiar. A localização da joia só poderia ser revelada 100 anos após a morte do imperador Carlos I, ocorrida em 1922. Regra cumprida à risca.
O resultado? Um século inteiro de silêncio — e um diamante que passou incólume por guerras, crises econômicas e até pela era digital.
O retorno do Florentino
Com o fim do prazo estabelecido, os descendentes dos Habsburgo-Lothringen decidiram tornar a história pública. O plano é exibir o Diamante Florentino e outras joias históricas em um museu no Canadá, como forma de agradecimento ao país que acolheu a família em um de seus momentos mais difíceis.
A venda da pedra está fora de cogitação. O valor histórico supera qualquer cifra. Especialistas concordam: trata-se de uma joia virtualmente incalculável, não apenas pelo tamanho e raridade, mas pelo peso simbólico que carrega.
Quando o tesouro nunca esteve perdido
O reaparecimento do Diamante Florentino encerra décadas de especulações e devolve ao público uma peça fundamental da história europeia. Mais do que isso, lembra que nem todo tesouro desaparece de verdade. Alguns apenas esperam — pacientemente — o momento certo para voltar a brilhar.
E, convenhamos, depois de um século trancado em um cofre, esse diamante merece mesmo sair para tomar um pouco de luz.
