No alto do Morro do Alagoano, em Vitória, o sol costuma nascer tímido, iluminando as vielas estreitas e o vai e vem de quem carrega a vida nas mãos. É ali que mora Raimundo Oliveira, um homem simples, mas dono de uma riqueza rara: o hábito de ser gentil.
Chamam-no de Gentileza Capixaba — e não é à toa. Raimundo é daqueles que acordam cumprimentando o dia, o padeiro, o carteiro, o cachorro da vizinha. Distribui sorrisos como quem oferece flores invisíveis. E o curioso é que todo mundo parece ficar um pouco mais leve depois de cruzar com ele.
Hoje, 13 de novembro, Dia Mundial da Gentileza, o mundo inteiro celebra um gesto que Raimundo pratica sem precisar de datas. Enquanto as redes se enchem de mensagens bonitas e hashtags de boas intenções, ele desce o morro com o mesmo sorriso e cumprimentos que parecem abençoar quem escuta e segue pelo dia dando lições de como ser mais gentil a cada dia para quem se abre a receber.
Gentileza gera Gentileza
No Brasil, quando a conversa sobre gentileza ganha corpo, vem junto o nome de José Datrino, o Profeta Gentileza — homem que, com túnica branca e palavras pintadas nas pilastras do Viaduto do Gasômetro, espalhou seu principal mote: “Gentileza gera gentileza”. Era uma crença de que um gesto bondoso não acaba ali; ao contrário, é semente que costuma brotar em outro gesto, em outro rosto, e assim por diante. O Profeta deixou murais que lembram esse ensinamento até hoje.
A gentileza, dizem, é coisa pequena. Mas Raimundo prova o contrário. Com pequenas ações, ele reacende a fé no humano que às vezes esquecemos dentro da correria.
O Gentileza Capixaba não busca fama, nem medalha. Seus troféus são as ações sociais no Morro do Alagoano e o sorriso de quem ele ajuda. Seu palco é a cidade de Vitória; sua plateia, os passantes cansados da pressa. E sua lição é simples: “ser gentil não custa nada, mas vale o dia de alguém.”
No fim das contas, tanto a data criada por movimentos internacionais quanto o lema pintado nas pilastras do Rio falam a mesma verdade que Raimundo pratica no cotidiano: gentileza não se perde; multiplica-se.
Neste 13 de novembro, enquanto o mundo tenta se lembrar de ser mais leve, Raimundo não precisa ser lembrado. Ele é o lembrete.
Raimundo Oliveira, conhecido como Raimundo Gentileza, nasceu em 14 de janeiro de 1947 no Morro dos Alagoanos, em Vitória, Espírito Santo, e é uma figura emblemática na cultura capixaba, dedicada à valorização das raízes e ao enriquecimento cultural de sua comunidade.
Apesar de ter 76 anos, ele continua ativo, mantendo a tradição de pintar a Escadaria da Gentileza, onde escreve frases como “gentileza gera gentileza” e incentiva gestos de cortesia entre os moradores.
A escadaria é um dos principais símbolos da comunidade e do município.
