O rugido do tigre-siberiano, um dos símbolos mais marcantes da vida selvagem, está ficando cada vez mais raro nas florestas geladas do Extremo Oriente russo. A espécie, que já esteve à beira da extinção no século passado, volta a correr sério risco.
Nos últimos meses, especialistas e autoridades ambientais da Rússia registraram um aumento preocupante no número de tigres abatidos ilegalmente, principalmente para abastecer o mercado clandestino de peles e ossos. Embora projetos de conservação tenham ajudado a recuperar parte da população, a expansão humana, o desmatamento e a caça seguem pressionando o animal. Agora, ambientalistas alertam que um retrocesso pode ser irreversível.
O tigre-siberiano: uma espécie que resiste ao frio e ao tempo
O tigre-siberiano, também conhecido como tigre-do-Amur, é o maior felino do mundo. Ele habita as densas florestas da região do rio Amur, no leste da Rússia, e áreas da fronteira com a China. No início do século XX, restavam apenas algumas dezenas desses animais na natureza. Graças a políticas rígidas de preservação adotadas a partir da década de 1940, o número chegou a subir para cerca de 500 a 600 indivíduos.
No entanto, conforme reforçam especialistas, esse progresso pode estar ameaçado.
Caça ilegal reacende alerta global
Relatórios recentes indicam o aumento de mortes provocadas por armadilhas e caçadores que atuam de forma clandestina. O comércio de partes do corpo do tigre ainda movimenta grandes somas no mercado ilegal, especialmente em países onde esses itens são usados na medicina tradicional.
Mesmo com operações de patrulhamento e vigilância, as vastas áreas florestais de clima extremo dificultam o monitoramento contínuo.
Além da caça, a fragmentação do habitat causada pela exploração de madeira e pela abertura de estradas facilita o contato entre animais e áreas urbanas, elevando o risco de conflitos com comunidades locais.
Conservação depende de diplomacia e investimento
Organizações internacionais alertam que a proteção do tigre-siberiano exige cooperação transfronteiriça entre Rússia e China, justamente porque a espécie circula livremente entre os dois países. Programas de monitoramento por GPS, corredores ecológicos e educação ambiental têm mostrado resultados, mas carecem de financiamento contínuo.
Segundo conservacionistas, a chave está em garantir que as comunidades que vivem próximas às florestas sejam incluídas nos esforços de preservação. Projetos de turismo ecológico, por exemplo, ajudam a transformar o tigre em ativo econômico vivo — e não em mercadoria morta.
O que está em jogo
O desaparecimento do tigre-siberiano não significaria apenas a perda de um animal majestoso. Ele é uma espécie-chave: sua presença mantém o equilíbrio das cadeias alimentares e a saúde das florestas frias da Sibéria. Sem ele, todo o ecossistema entra em desequilíbrio.
A luta para salvar o tigre é, portanto, também a luta para preservar um dos últimos grandes blocos de natureza selvagem do planeta.
