Quando o Pantanal “levanta voo”: a temporada em que mosquitos e mutucas tomam conta do bioma

Um vídeo da perna de um boi coberta por mosquitos com um homem matando dezenas deles com apenas um tapa viralizou na internet. O que para o pessoal do sudeste maravilha é um choque, não passa da realidade natural dos pantaneiros.

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Se você acha que já enfrentou mosquito bravo na praia, no interior ou no quintal depois da chuva… segura essa. No Pantanal, quando chega novembro, rola um fenômeno quase cinematográfico: o céu parece que abre as portas de um grande aeroporto de mosquitos, com voos chegando sem parar e zero controle aéreo.

É isso mesmo. O fim da tarde vira um pico de movimento. E não é exagero: quem mora em Corumbá ou Poconé sabe que é o momento exato de fechar portas, janelas e, se possível, pensamentos. Porque se vacilar, os mosquitos entram também.

Por que esse show aéreo acontece?

O Pantanal funciona como aquele amigo que alterna entre fases de “vou ficar em casa” e “agora eu vou viver”. Meses secos, meses alagados. Quando chega chuva, aparecem poças, lagoas, charcos, mini-lagoinhas — um parque aquático cinco estrelas para mosquitos fazerem churrasco, casamento e batizado.

Eles se reproduzem rápido. Tipo muito rápido. Resultado: você está apreciando um pôr-do-sol lindo e, de repente, parece que entrou numa névoa viva.

A moda agora é repelente como perfume

O kit do sobrevivente pantaneiro inclui:

  • Repelente industrial e caseiro
  • Vela de citronela
  • Ventilador no modo “furacão categoria 3”
  • Raquete elétrica (que virou esporte local)
  • E, claro, aquele espiral de vó queimando no canto

Você experimenta tudo. Às vezes ao mesmo tempo. Não julgue. Isso é guerra.

Mas o verdadeiro chefão se chama: MUTUCA

Se os mosquitos são o “incômodo”, a mutuca é o vilão final do jogo.

Ela parece só uma mosca grandona e tranquila, mas é estratégia pura. Voa silenciosamente. Observa. Mira. E do nada: PUF. A picada. Uma picada que não é picada — é um pequeno corte, como se ela estivesse fatiando um sashimi de você.

Enquanto o mosquito é aquele chato que liga sem avisar, a mutuca é o ninja do mundo dos insetos.

Pantaneiro não costuma reclamar de pouca coisa. Mas mutuca? Mutuca tem respeito.
Mutuca tem temor.
Mutuca tem história.

Mas calma: tudo isso tem um lado bonito

Sem esses enxames, o Pantanal não seria o Pantanal. Eles são alimento para pássaros, peixes, rãs, e fazem parte de uma teia ecológica que ajuda a manter uma das maiores biodiversidades do planeta.

Ou seja: é chato pra gente, mas é buffet livre para metade do ecossistema.

E depois, tudo volta ao normal

Conforme as águas se ajustam e os sapos começam a ganhar reforço no cardápio, os mosquitos vão diminuindo. As varandas voltam a existir. O pôr-do-sol fica novamente romântico. A vida retorna ao modo “pantaneiro zen”.

Até a próxima estação, claro. Porque no Pantanal, a natureza tem memória boa — e calendário próprio.