Lançamento de songbook registra repertório do Congo capixaba e fortalece transmissão da tradição em Vitória

O ritmo do Congo capixaba ganha novo instrumento de preservação cultural com o lançamento do songbook “Guitarra Canta Congo”, que acontece nesta sexta-feira (7), às 9h30, na Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim, no Centro de Vitória. O evento é gratuito e contará com workshow e sessão de autógrafos.

A obra reúne 15 partituras, tablaturas e cifras baseadas em temas tradicionais do Congo. O material é voltado a músicos, estudantes, pesquisadores e grupos culturais interessados em compreender a estrutura rítmica e harmônica do gênero, que é reconhecido como uma das expressões culturais mais marcantes do Espírito Santo.

O projeto foi idealizado pelo músico e professor Jura Fernandes (Jurandir Elias Fernandes), conhecido por integrar a banda Casaca e por pesquisas que aproximam a guitarra elétrica das células rítmicas do Congo. Segundo ele, o songbook busca registrar formalmente o que, por séculos, foi transmitido principalmente pela oralidade.

“É uma forma de documentar e facilitar o acesso. Quem quiser estudar o Congo agora tem referência escrita, algo que nem sempre existiu”, afirma o músico.

Apoio pela Lei Aldir Blanc

O trabalho foi desenvolvido pelo Edital 004/2024, dentro da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), com execução pela Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e do Fundo Municipal de Cultura (Funcultura). A política destina recursos federais para ações voltadas à preservação, circulação e formação cultural.

Relevância cultural

O Congo capixaba é reconhecido no Estado como manifestação de matriz africana, com tambores, canto responsorial e cortejos que integram festas religiosas e comunitárias, especialmente em Vitória, Serra, Vila Velha e Cariacica. Pesquisadores e mestres da tradição defendem, há alguns anos, o reconhecimento nacional do Congo como patrimônio cultural imaterial brasileiro.

Materiais escritos como o novo songbook são considerados importantes nesse processo, por sistematizar repertórios e técnicas musicais antes restritas ao convívio dos grupos.

Próximos passos

Com o lançamento, a expectativa é que o material seja utilizado em aulas, oficinas e pesquisas em escolas de música, universidades e projetos comunitários. O autor também aponta possibilidade de continuidade do trabalho com novas edições.