A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dados que revelam o avanço da resistência antimicrobiana no mundo. Uma em cada seis infecções bacterianas não responde mais aos antibióticos convencionais. Entre 2018 e 2023, a resistência aumentou em mais de 40% das combinações de bactérias e medicamentos monitoradas, com crescimento anual de 5% a 15%.
O problema atinge de forma desigual as regiões do planeta. No Sudeste Asiático e no Mediterrâneo Oriental, uma em cada três infecções já apresenta resistência. Na África, a proporção é de uma em cada cinco. As bactérias Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, causadoras de infecções sanguíneas, registram taxas de resistência superiores a 70% em algumas áreas africanas.
A resistência antimicrobiana ocorre quando microrganismos evoluem e deixam de responder aos medicamentos. Esse fenômeno resulta do uso inadequado de antibióticos em humanos, animais e na agricultura. Segundo estimativas da OMS, a resistência bacteriana causou 1,27 milhão de mortes em 2019 e contribuiu para quase cinco milhões de óbitos. Sem medidas efetivas, as perdas econômicas podem alcançar US$ 3 trilhões anuais até 2030.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou a necessidade de usar antibióticos de forma responsável. Além disso, defendeu o fortalecimento dos sistemas de vigilância e o acesso universal a diagnósticos e vacinas. Atualmente, 104 países participam do sistema de monitoramento da agência, número quatro vezes maior que em 2016. Porém, metade dos Estados-membros ainda não reportou dados em 2023.
A declaração política da Assembleia Geral da ONU de 2024 estabeleceu compromissos para enfrentar a resistência por meio da abordagem “Saúde Única”, que integra saúde humana, animal e ambiental. Para a OMS, os países precisam transformar esses compromissos em ações concretas, com investimento em prevenção, diagnóstico e desenvolvimento de novos antibióticos.
