O erro comum com o tomate que está arruinando seu sabor — e como corrigi-lo

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Você lava o tomate antes de guardar na geladeira? Pode parecer inofensivo, mas esse hábito cotidiano está sabotando o sabor, a textura e até os nutrientes da fruta mais usada nas cozinhas brasileiras. Especialistas em gastronomia e ciência dos alimentos alertam: o local e o momento errados para lavar o tomate comprometem sua qualidade. Longe de ser um detalhe trivial, essa prática afeta desde pratos simples até receitas sofisticadas. A boa notícia é que corrigir esse erro é rápido, fácil e transforma radicalmente sua experiência culinária. E o melhor: você não precisa de equipamentos especiais — só de um pouco de atenção.

Por décadas, o tomate foi tratado como um ingrediente secundário, quase um coadjuvante silencioso em saladas, molhos e acompanhamentos. Mas nos últimos anos, chefs renomados, cientistas de alimentos e nutricionistas têm reforçado uma verdade simples: o tomate merece respeito — e cuidados específicos.

Um dos equívocos mais comuns — e prejudiciais — é lavar o tomate antes de armazená-lo na geladeira. À primeira vista, parece uma medida de higiene lógica. Afinal, não é recomendado lavar frutas e legumes antes do consumo? Sim, mas não antes do armazenamento.

Segundo pesquisas da Universidade da Califórnia (UC Davis) e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a umidade residual após a lavagem cria um ambiente propício para o crescimento de fungos e bactérias, acelerando o apodrecimento. Além disso, a refrigeração abaixo de 12°C interrompe a produção de compostos voláteis responsáveis pelo aroma e sabor característicos do tomate maduro. Um estudo publicado na revista Science em 2016 já demonstrava que tomates refrigerados perdem até 65% de seus compostos aromáticos em poucos dias.

Especialistas reforçam essa orientação sobre desperdício alimentar e preservação de sabor. A rede britânica destacou que mais de 30% dos tomates comprados nos supermercados são descartados antes do consumo, muitas vezes por amolecerem ou mofarem prematuramente — um problema evitável com armazenamento correto.

O ideal, segundo o chef brasileiro Alex Atala e corroborado por especialistas da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), é guardar os tomates inteiros, secos e à temperatura ambiente, longe da luz solar direta. Só devem ser lavados imediatamente antes do uso, com água corrente — sem necessidade de sabão ou produtos químicos, a menos que a casca seja consumida em preparações cruas e a procedência seja duvidosa.

Outro ponto negligenciado: não corte o tomate antes de ser necessário. Assim que fatiado, ele começa a oxidar e perder líquidos essenciais, comprometendo tanto o sabor quanto a textura. Se precisar pré-cortar (como em preparações para eventos), cubra com filme plástico e mantenha na geladeira por, no máximo, 24 horas.

Vale lembrar que nem todos os tomates são iguais. Variedades como o cereja ou o sweet grape toleram melhor a refrigeração, mas ainda assim devem ser lavados apenas no momento do consumo. Já os tomates de mesa, como o caqui ou o italiano, são mais sensíveis ao frio e à umidade.

A ONU News, em campanha global contra o desperdício de alimentos, reforça que pequenas mudanças nos hábitos domésticos — como essa — podem reduzir significativamente o descarte precoce de alimentos frescos. No Brasil, onde o tomate é base da culinária diária, esse ajuste simples pode representar economia, sabor e sustentabilidade.