Osteoporose masculina: a epidemia silenciosa que ameaça homens acima dos 50

A fragilidade óssea não é exclusividade feminina. Uma realidade alarmante, e muitas vezes ignorada, é que um em cada cinco homens acima dos 50 anos convive com a osteoporose, uma doença que, silenciosamente, mina a qualidade de vida e aumenta o risco de fraturas incapacitantes. Por que essa condição, historicamente associada às mulheres, está crescendo entre os homens e como podemos enfrentar essa epidemia oculta? A resposta está em uma combinação complexa de fatores biológicos, sociais e, principalmente, na falta de conscientização.

O Inimigo invisível: desvendando a osteoporose masculina

A osteoporose, caracterizada pela perda de massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, torna os ossos mais porosos e suscetíveis a fraturas. Embora as mulheres, especialmente após a menopausa, sejam o grupo mais conhecido por serem afetadas, a incidência em homens tem crescido exponencialmente nas últimas décadas. Dados globais, corroborados por estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e reportagens de veículos como a Al Jazeera e a BBC, indicam que a doença em homens é subdiagnosticada e, consequentemente, subtratada.

Historicamente, a percepção de que a osteoporose é uma “doença de mulher” levou a uma lacuna significativa no rastreamento e na educação masculina. Homens tendem a não procurar auxílio médico para questões ósseas, atribuindo dores e desconfortos ao envelhecimento natural ou a problemas musculares. Entretanto, as consequências de uma fratura osteoporótica em homens são frequentemente mais graves, com maiores taxas de mortalidade e morbidade, como apontam análises da CNN e do The Guardian sobre saúde geriátrica.

Fatores de risco e o crescimento da incidência

Diversos fatores contribuem para o aumento da osteoporose em homens. O envelhecimento da população global é um dos pilares, afinal, a idade é o principal fator de risco para a doença. Contudo, outros elementos são cruciais:

  • Deficiência de Testosterona: Níveis baixos de testosterona, que podem ocorrer devido a doenças crônicas, tratamentos como a terapia de privação androgênica para câncer de próstata, ou simplesmente o envelhecimento (andropausa), impactam diretamente a densidade óssea. A testosterona é fundamental para a manutenção da saúde óssea masculina.
  • Doenças Crônicas: Condições como doenças renais, hepáticas, autoimunes (artrite reumatoide, lúpus), diabetes e doenças gastrointestinais que afetam a absorção de nutrientes podem comprometer a saúde óssea.
  • Uso de Medicamentos: Corticoides de uso prolongado, alguns medicamentos para convulsões, e certos tratamentos para câncer de próstata podem acelerar a perda óssea.
  • Estilo de Vida: Tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo e uma dieta pobre em cálcio e vitamina D são vilões da saúde óssea masculina. A falta de atividade física, por exemplo, impede que os ossos recebam o estímulo necessário para se fortalecerem. A DW e a ONU News frequentemente ressaltam a importância de um estilo de vida saudável na prevenção de doenças crônicas.
  • Fatores Genéticos: A predisposição familiar também desempenha um papel, com homens que possuem histórico de osteoporose na família apresentando maior risco.

Diagnóstico e prevenção: o caminho para a saúde óssea

O diagnóstico da osteoporose é feito principalmente através da densitometria óssea, um exame rápido e indolor que mede a densidade mineral dos ossos. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Vatican News, em suas abordagens sobre saúde pública, enfatizam a importância do rastreamento precoce para evitar as consequências mais graves da doença.

A prevenção, no entanto, é a melhor estratégia. Para homens, ela envolve:

  • Dieta Rica em Cálcio e Vitamina D: Alimentos como laticínios, vegetais de folhas verdes escuras, peixes gordurosos e alimentos fortificados são essenciais. A exposição solar controlada também ajuda na produção de vitamina D.
  • Exercícios Físicos Regulares: Atividades de impacto e de fortalecimento muscular, como caminhada, corrida, musculação e dança, estimulam a formação óssea.
  • Moderação no Álcool e Abandono do Tabagismo: Reduzir o consumo de álcool e parar de fumar são medidas cruciais para proteger os ossos.
  • Atenção aos Sinais: Homens com histórico familiar, uso de certos medicamentos ou doenças crônicas devem conversar com seus médicos sobre rastreamento.

É fundamental que haja uma mudança de paradigma, reconhecendo que a osteoporose é uma ameaça real e crescente para a saúde masculina. A conscientização, aliada a um estilo de vida saudável e ao acompanhamento médico regular, são as chaves para que os homens possam envelhecer com ossos fortes e uma vida plena.