30 de setembro: dia oficial da moqueca capixaba; Será que o bolso vai deixar a gente saborear?

É cedo e já tem cheiro de moqueca no ar. O dia nem clareou direito e o capixaba já acorda com a lembrança: 30 de setembro é o dia oficial da moqueca capixaba. Não é qualquer prato, é aquele que vem na panela de barro, com peixe fresco, coentro no ponto certo e uma boa dose de orgulho.

A data, criada por lei, virou símbolo. Mais do que um prato, é identidade cultural. A cada ano, a comemoração mistura tradição, afeto e também economia. Sim, porque não dá para falar de moqueca sem olhar para o bolso: coentro com preço variando mais que humor em segunda-feira, cebola oscilando como maré e peixe custando do almoço simples ao jantar de luxo. O Procon de Vitória fez uma pesquisa que mostrou que dá para economizar escolhendo bem onde comprar — e essa é quase uma segunda receita do dia.

Na cozinha, a moqueca é um ritual. Panela de barro no fogo, tempero simples, nada de pressa e muito respeito. É prato que não se vira, não se inventa moda. Vai tomate, cebola, alho, coentro, urucum e peixe. Só isso. Nada de dendê, nada de leite de coco — aqui a regra é leveza. Ao lado, arroz branco soltinho e pirão feito da cabeça do peixe, engrossado com farinha até ganhar alma própria.

Aqui vai a receita tradicional:

Receita Tradicional da Moqueca Capixaba

Ingredientes:

  • 1 kg de peixe fresco em postas (robalo, badejo, dourado ou cação)
  • Suco de 1 limão
  • 4 dentes de alho picados
  • 1 cebola média em rodelas
  • 2 tomates maduros em rodelas
  • 1 pimentão vermelho em rodelas
  • 1 pimentão amarelo em rodelas
  • 1 maço de coentro fresco picado
  • 1 maço de cebolinha picada
  • 3 colheres de sopa de azeite de oliva
  • Sal e pimenta a gosto
  • 1 colher de chá de urucum (opcional, para cor)

Modo de preparo:

  1. Tempere o peixe com suco de limão, sal e pimenta e deixe descansar por 15 minutos.
  2. Na panela de barro, faça camadas alternando cebola, tomate, pimentões e peixe.
  3. Regue com azeite e polvilhe o coentro e a cebolinha. Se quiser cor, acrescente o urucum.
  4. Tampe a panela e cozinhe em fogo baixo por cerca de 20 a 30 minutos, sem mexer.
  5. Sirva quente, acompanhado de arroz branco e pirão feito com caldo do próprio peixe.

E não pense que a festa fica só em casa. Restaurantes capixabas aproveitam a data para colocar a moqueca no centro das atenções, com promoções, brindes e cardápios especiais. É um convite coletivo: mesa farta, panela fumegante, conversa boa e tradição preservada.

No fim das contas, a moqueca capixaba é muito mais que comida. É história indígena no moquém, é panela moldada pelas mãos das paneleiras de Goiabeiras, é herança portuguesa e africana misturada no mesmo caldo. É afeto servido em postas e orgulho servido à mesa.

No dia 30 de setembro, cada colherada é uma celebração: do passado que a criou, do presente que a saboreia e do futuro que a manterá viva.