A prévia da inflação (IPCA-15) de setembro registrou alta de 0,48 %. Em agosto, o índice havia ficado em – 0,14 %, indicando deflação. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 chega a 5,32 %, acima dos 4,95 % registrados até agosto.
A alta de setembro veio com forte influência do grupo Habitação, que subiu 3,31 %, respondendo por 0,50 ponto percentual (p.p.) do índice. A principal contribuição veio da energia elétrica residencial, que disparou 12,17 % ― explicada pelo fim do Bônus Itaipu, benefício que havia reduzido a conta de luz em agosto, e pela cobrança da bandeira tarifária vermelha patamar 2.
Enquanto isso, o grupo Alimentação e bebidas registrou queda de 0,35 % ― o quarto mês seguido de retração. Itens como tomate (– 17,49 %), cebola (– 8,65 %), arroz (– 2,91 %) e café moído (– 1,81 %) puxaram a baixa em alimentos no domicílio. Outros grupos que contribuíram com desempenho negativo foram Transportes (– 0,25 %), Artigos de residência (– 0,16 %) e Comunicação (– 0,08 %).
Para analistas, embora o resultado venha um pouco abaixo da expectativa do mercado (alta prevista de 0,51 %), ele revela sinais de descompressão nos preços de serviços e no núcleo da inflação, mas não é suficiente para estimular um corte imediato nos juros. Alguns economistas destacam que o quadro tende a exigir paciência do Banco Central, que mantém a taxa Selic em 15 % como freio à alta de preços.
Com este resultado, a inflação oficial de 2025 começa a expor a tensão entre pressão de custos e resposta monetária restritiva. O IPCA-15 acumula 3,76 % no ano até setembro. A meta vigente de inflação (3 % ao ano, com tolerância de até 1,5 p.p.) permite teto de 4,5 %, o que coloca o índice atual já acima dessa margem.
