Cidade de Gaza sob bombardeio implacável; ofensiva terrestre eleva crise humanitária ao limite.
Civis apavorados fogem há dias com o avanço de tanques e das forças israelenses nas ruas da Cidade de Gaza. A destruição de edifícios residenciais, hospitais e escolas deixa entulho, morte e desespero, em uma ofensiva que não discrimina crianças nem jornalistas. O conflito escalou ontem, com bombardeios incessantes e a esperada incursão terrestre que já transformou bairros inteiros em ruínas. Organizações internacionais denunciam violação dos direitos humanos e pedem acesso humanitário imediato.
Uma Comissão Internacional Independente da ONU declarou que Israel cometeu genocídio em Gaza, responsabilizando diretamente o governo israelense. A presidente da comissão, Navi Pillay, afirmou que líderes como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e o presidente Isaac Herzog são responsáveis pelas ações que resultaram na morte de mais de 64 mil palestinos desde outubro de 2023. O relatório destaca que esses líderes, por meio de declarações públicas e ordens militares, demonstraram intenção genocida contra a população palestina. Além disso, o documento aponta que ataques deliberados a civis e o uso de munições de grande impacto configuram crimes contra a humanidade.
A ONU denuncia o genocídio, enquanto a população exausta teme não sobreviver às próximas horas.
Desde meados de setembro de 2025, Israel intensificou sua ação militar na Cidade de Gaza, marcando a transição de bombardeios aéreos massivos para uma ofensiva terrestre mais profunda. O Exército Israelense afirma que o objetivo é desmantelar a infraestrutura do Hamas, incluindo túneis, centros de comando e redes subterrâneas que estariam embutidas em áreas civis. Já os relatos de Gaza destacam que dezenas de prédios residenciais de múltiplos andares foram nivelados, famílias foram forçadas a fugir com o que podiam carregar, muitas sem acesso a água, alimentos ou cuidados médicos.
Impacto humanitário e social
A crise humanitária se aprofunda: mais de 140 mil pessoas deslocaram-se para o sul de Gaza desde meados de agosto, tentando encontrar refúgio em locais designados como “zonas seguras”, mas enfrentando condições extremas — escassez de água potável, falta de remédios, sobrecarga nos serviços de saúde e risco elevado de surtos de doenças. Na Cidade de Gaza, hospitais estão inundados de feridos, muitos civis, inclusive crianças. Ao mesmo tempo, agências de socorro denunciam que algumas operações humanitárias foram interrompidas ou impedidas de entrar, sob o argumento de insegurança ou por ordens militares.
Reações internacionais e legais
A ONU e outros organismos de direitos humanos afirmam que a recente ofensiva pode configurar crimes de guerra ou mesmo genocídio, citando destruição sistemática de infraestrutura civil, deslocamentos forçados em massa e mortes indiscriminadas. Israel rejeita essas alegações, alegando que combate alvos militares legítimos, e responsabiliza o Hamas pelo uso de escudos humanos e por estabelecer bases em áreas civis. Alguns governos europeus e organizações internacionais pedem investigação independente e maior pressão diplomática para garantir o respeito ao direito internacional humanitário.
Desafios de acesso e evacuação
Apesar de ordens de evacuação ou chamadas para desocupação de áreas atingidas, muitos civis permanecem presos por falta de opções, por razões econômicas ou porque os locais de fuga também são atingidos ou não oferecem condições mínimas de segurança. Locais apontados como “zonas seguras” não têm infraestrutura adequada nem garantias de proteção — água, alimentação e serviço de saúde são cronicamente escassos.
A ofensiva terrestre na Cidade de Gaza representa uma nova fase do conflito, marcada por uma combinação de bombardeios intensos, ofensivas diretas e uma emergência humanitária em crescimento. O mundo assiste a relatos que parecem confirmar suspeitas antigas: civis como vítimas colaterais, destruição generalizada, desafios para a prestação de socorro e o questionamento global sobre até onde o uso da força pode ser justificado. Além disso, a possibilidade de que violações ao direito internacional venham a ser oficialmente reconhecidas aumenta a pressão sobre todos os envolvidos. Que ocorra, urgentemente, uma trégua ou ação diplomática concreta — antes que o número de vidas perdidas se torne impensável.
