Gastos militares mundiais batem recorde histórico de US$ 2,7 trilhões em 2024

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O mundo destinou US$ 2,7 trilhões para gastos militares em 2024, estabelecendo um novo recorde histórico. O valor representa o maior aumento anual em pelo menos três décadas, segundo relatório da ONU.

António Guterres, secretário-geral da ONU, alertou que “o mundo está gastando muito mais em guerras do que em construir a paz”. A declaração foi feita durante coletiva de imprensa sobre o novo relatório da organização.

Crescimento global dos investimentos militares

Os gastos com segurança aumentaram nas cinco regiões globais durante 2024. Este crescimento ocorre em meio à intensificação de conflitos armados e ao aumento das tensões geopolíticas mundiais.

Para comparação, seria necessário apenas US$ 300 bilhões para eliminar a pobreza extrema no planeta. O montante representa cerca de 11% do valor destinado aos orçamentos militares globais.

Desequilíbrio entre armamentos e desenvolvimento

O valor gasto em armamentos supera em 750 vezes o orçamento regular da ONU para 2024. Além disso, equivale a quase 13 vezes a assistência ao desenvolvimento fornecida pelo comitê da OCDE no mesmo período.

“Redirecionar até mesmo uma fração dos gastos militares atuais poderia fechar lacunas vitais”, afirmou Guterres. Segundo ele, os recursos poderiam financiar educação, saúde primária, energia limpa e proteção aos mais vulneráveis.

Impacto nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Apenas um dos cinco Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) está em andamento. Guterres destacou que “nossa promessa compartilhada de desenvolvimento sustentável está em risco”.

O aumento dos gastos militares reduz os investimentos sociais em áreas como educação, saúde e proteção ambiental. Essa dinâmica dificulta o progresso nos ODS e compromete os fundamentos da Carta da ONU.

Haoliang Xu, vice-chefe do PNUD, enfatizou que “o desenvolvimento é um motor da segurança”. Segundo ele, quando as pessoas têm acesso à educação, saúde e oportunidades econômicas, as sociedades se tornam mais pacíficas.

Nova abordagem de segurança proposta

O relatório da ONU propõe uma mudança de estratégia. Em vez de priorizar gastos militares, sugere uma abordagem centrada no desenvolvimento humano e na diplomacia.

“Investir nas pessoas é investir na primeira linha de defesa contra a violência”, declarou Guterres. O documento argumenta que a falta de oportunidades econômicas gera instabilidade, alimentando um ciclo vicioso de violência e aumento dos gastos militares.

Izumi Nakamitsu, chefe de desarmamento da ONU, concluiu que “reequilibrar as prioridades globais não é opcional – é um imperativo para a sobrevivência da humanidade”.

O secretário-geral da ONU foi direto em sua crítica: “As evidências são claras: gastos militares excessivos não garantem a paz. Muitas vezes, a enfraquecem – alimentando corridas armamentistas, aprofundando a desconfiança e desviando recursos dos próprios alicerces da estabilidade.”