Brasil tem 4ª maior proporção de jovens que não estudam nem trabalham

O futuro do Brasil está sendo desperdiçado em silêncio. Enquanto milhares de jovens permanecem fora da escola e do mercado de trabalho, o país vê sua força mais promissora escapar entre os dedos. O dado mais recente, divulgado este mês pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mostra que quase um em cada quatro jovens entre 18 e 24 anos está na condição conhecida como Nem-Nem — nem estudando, nem trabalhando. O número coloca o Brasil entre os piores cenários do mundo, com a 4ª maior proporção registrada. A diferença entre homens e mulheres também impressiona: 29% delas estão inativas, contra 19% deles. Esse quadro, se não revertido, pode comprometer seriamente a capacidade de desenvolvimento econômico e social do país.

Nos últimos anos, houve alguma melhora. Em 2019, o índice chegava a 30%, mas a queda ainda não foi suficiente para afastar o Brasil do grupo de países com maior proporção de jovens nessa situação. No panorama internacional, a média é de 14%, mostrando que a realidade brasileira está muito acima do esperado.

As razões para esse cenário são múltiplas. Entre elas estão as desigualdades regionais, a dificuldade de acesso ao ensino médio e superior, além da baixa qualidade de oportunidades de trabalho para quem está começando a carreira. Outro ponto que pesa é a desigualdade de gênero: muitas mulheres jovens deixam os estudos ou o trabalho para assumir responsabilidades domésticas, o que as coloca em desvantagem em relação aos homens.

Especialistas apontam que o problema é estrutural e exige políticas públicas que integrem educação, empregabilidade e inclusão social. Investir em formação técnica, estimular programas de aprendizagem e criar incentivos para empresas contratarem jovens são algumas das medidas defendidas por organizações internacionais. Além disso, é fundamental ampliar a proteção social e oferecer alternativas que permitam que jovens, especialmente mulheres, possam conciliar trabalho e educação.

O desafio é urgente. Se o Brasil não enfrentar essa realidade com firmeza, corre o risco de perder uma geração inteira para a inatividade, ampliando desigualdades e comprometendo o desenvolvimento de longo prazo. Transformar esses números em oportunidades será a chave para garantir um futuro mais justo e produtivo para a juventude e para o país.