Indústria recua 0,2% em julho e acumula quatro meses sem crescimento

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A produção industrial brasileira caiu 0,2% em julho de 2025 em relação a junho, segundo o IBGE. Foi o quarto mês seguido sem avanço, após retrações de 0,7% em abril, 0,6% em maio e estabilidade em junho. No acumulado desde abril, o setor registra queda de 1,5%.

Na comparação com julho de 2024, houve variação positiva de 0,2%, enquanto no acumulado de janeiro a julho o resultado é de +1,1%. Em 12 meses, a alta é de 1,9%. Apesar desse desempenho, a indústria opera apenas 0,3% acima do nível de dezembro de 2024 e segue 15,3% abaixo do recorde histórico alcançado em maio de 2011. Em relação ao período pré-pandemia (fevereiro de 2020), está 1,7% acima.

Impacto dos juros altos

De acordo com o gerente da PIM-PF, André Macedo, a perda de ritmo está ligada à política monetária restritiva. A taxa Selic em 15% ao ano encarece o crédito, aumenta a inadimplência e reduz decisões de consumo e investimento. Esse ambiente pressiona especialmente setores dependentes de financiamento, como o de bens de capital e de consumo duráveis.

Desempenho por setores

Em julho, 13 das 25 atividades industriais pesquisadas caíram. Os maiores recuos foram:

  • Impressão e reprodução de gravações: –11,3%
  • Outros equipamentos de transporte: –5,3%
  • Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos: –3,7%
  • Produtos diversos: –3,5%
  • Metalurgia: –2,3%
  • Bebidas: –2,2%
  • Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos: –2,0%
  • Produtos de borracha e plástico: –1,0%

Por outro lado, 11 segmentos cresceram, com destaque para:

  • Farmoquímicos e farmacêuticos: +7,9%
  • Produtos químicos: +1,8%
  • Alimentícios: +1,1%
  • Indústrias extrativas: +0,8%
  • Máquinas e equipamentos: +1,2%
  • Coque, derivados de petróleo e biocombustíveis: +0,6%
  • Celulose, papel e produtos de papel: +0,7%

Esses avanços ajudaram a evitar uma queda mais intensa no resultado geral.

Grandes categorias econômicas

Na comparação com junho, o desempenho foi desigual entre os grupos:

  • Bens intermediários: +0,5%
  • Bens de consumo semi e não duráveis: +0,1%
  • Bens de capital: –0,2%
  • Bens de consumo duráveis: –0,5%

No comparativo com julho de 2024, apenas os bens intermediários cresceram (+2,5%). As demais categorias recuaram:

  • Bens de consumo semi e não duráveis: –4,1%
  • Bens de consumo duráveis: –3,4%
  • Bens de capital: –0,1%

Tendência recente

A média móvel trimestral caiu 0,3% no trimestre encerrado em julho, após já ter recuado 0,4% em junho. Para os técnicos do IBGE, o saldo do ano é modesto: em sete meses, a produção industrial avançou apenas 0,3% em relação a dezembro de 2024.

Apesar do avanço em setores específicos, a indústria brasileira ainda enfrenta um quadro de baixo dinamismo, condicionado tanto pelo custo elevado do crédito interno quanto por fatores externos, como o desaquecimento do comércio internacional.