
Uma proposta confidencial, vazada pelo jornal The Washington Post no domingo (31/8), sugere transformar a Faixa de Gaza em uma “Riviera do Oriente Médio”, com megacidades inteligentes e resorts de luxo. Contudo, especialistas e líderes internacionais denunciam a iniciativa como uma tentativa disfarçada de limpeza étnica, visando o deslocamento forçado de seus 2 milhões de habitantes.
A ideia já havia sido ventilada em fevereiro de 2025, quando Donald Trump publicou um vídeo mencionando o conceito. Agora, a novidade é um estudo aprofundado e detalhado, chamado Gaza Reconstitution, Economic Acceleration and Transformation Trust (GREAT), que propõe realocações, incentivos financeiros e infraestrutura de alta tecnologia. O plano ignora a criação de um Estado palestino e provocou forte reação de líderes internacionais e organizações de direitos humanos.
Plano GREAT: uma visão polêmica para Gaza
O plano GREAT propõe transformar Gaza em um centro de alta tecnologia e turismo, com megacidades inteligentes, resorts de luxo e infraestrutura moderna. Para viabilizar essa transformação, sugere-se a realocação dos 2 milhões de habitantes, oferecendo-lhes incentivos financeiros, como US$ 5.000, subsídios de aluguel e alimentação por um ano. A proposta também inclui a emissão de “tokens digitais” para proprietários de terras, permitindo reivindicar propriedades em futuros desenvolvimentos.
O plano é descrito como uma tentativa de “limpeza étnica disfarçada”, visando a remoção forçada da população local sob o pretexto de desenvolvimento econômico. Críticos apontam que a proposta ignora a soberania palestina e não contempla a criação de um Estado palestino, propondo uma política integrada à segurança de Israel. O secretário-geral da ONU expressou preocupações sobre os riscos de genocídio associados à implementação do plano.
Reações internacionais e regionais
A proposta gerou reações negativas de diversos países e organizações internacionais. Aliados tradicionais dos EUA, como Arábia Saudita e Jordânia, rejeitaram a iniciativa, enquanto países árabes apresentaram alternativas para reconstrução de Gaza sem deslocar sua população. A falta de apoio de países árabes e a resistência palestina indicam que o plano enfrenta obstáculos significativos para sua implementação.
Implicações legais e humanitárias
Especialistas em direito internacional alertam que o plano GREAT pode violar convenções internacionais, incluindo a Quarta Convenção de Genebra, que proíbe a transferência forçada de populações. Organizações de direitos humanos pedem investigação internacional sobre o plano e alertam para os perigos de sua implementação.
A proposta de transformar Gaza em uma “Riviera do Oriente Médio” levanta sérias questões sobre soberania, direitos humanos e direito internacional. Enquanto busca promover desenvolvimento econômico, ela também pode resultar em deslocamento forçado e violação dos direitos dos palestinos. A falta de apoio internacional e a resistência local indicam que a implementação do plano GREAT enfrenta desafios significativos. O estudo aprofundado revela agora os detalhes do projeto, confirmando que a ideia divulgada por Trump em fevereiro não era apenas conceitual, mas vem sendo planejada de forma estruturada.