Metanol no combustível: entenda por que produto usado pelo PCC pode destruir seu carro e colocar sua saúde em risco

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Metanol no Tanque: O Perigo Invisível que Ameaça Seu Carro e Sua Saúde

Fraude bilionária expõe vulnerabilidade de consumidores e alerta para riscos do combustível adulterado.

Uma recente operação do Ministério Público de São Paulo revelou um esquema de adulteração de combustíveis que injetava metanol em postos de gasolina por todo o estado. A investigação aponta para o envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) nesta fraude bilionária, que impactou mais de 2.500 estabelecimentos e colocou em risco a segurança veicular e a saúde pública. Este cenário levanta questões urgentes sobre a fiscalização e a proteção do consumidor diante de um produto altamente tóxico e corrosivo.

O que é o Metanol e por que ele é tão perigoso?

O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH3OH), é um solvente industrial inflamável e tóxico. Embora tenha usos legítimos em indústrias químicas, farmacêuticas e na produção de biodiesel, sua presença em combustíveis automotivos é estritamente regulamentada. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estabelece um limite máximo de apenas 0,5% de metanol em combustíveis. No entanto, nas amostras adulteradas, a concentração podia atingir alarmantes 90% [1].

Quando presente em níveis tão elevados, o metanol se torna um agente corrosivo para os componentes do motor. Bicos injetores, bombas de combustível e válvulas são diretamente afetados, podendo levar a falhas imediatas no veículo. Especialistas alertam que a adulteração pode causar perda de potência, acendimento de luzes de alerta no painel e até a paralisação total do carro, resultando em reparos de alto custo para o proprietário. A corrosão é tão severa que alguns veículos não suportam sequer um único abastecimento com o combustível contaminado [1].

Além dos danos mecânicos, o metanol representa um sério risco à saúde humana. A exposição, mesmo em pequenas quantidades, seja por manipulação ou inalação, pode provocar irritação nos olhos, dores de cabeça, náuseas e vômitos. Em casos de exposição frequente, há risco de desenvolvimento de câncer. Outro perigo é a invisibilidade da chama do metanol em caso de incêndio, o que dificulta o controle do fogo e aumenta a ameaça para motoristas e equipes de resgate [1].

O impacto ambiental também é significativo. Vazamentos de metanol contaminam o solo e os cursos d’água, afetando a biodiversidade e representando riscos à saúde pública [1].

A Operação e a Rede Criminosa

A operação do Ministério Público de São Paulo desvendou como o PCC importava metanol de forma irregular, desviando o produto e distribuindo-o clandestinamente. A rede criminosa movimentou aproximadamente R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, utilizando mensagens codificadas para fraudar combustíveis e antecipar fiscalizações [2, 3]. A investigação revelou que o metanol irregular chegava ao Brasil pelo Porto de Paranaguá, no Paraná [4].

Os postos flagrados com combustível adulterado foram autuados e tiveram suas operações suspensas. A ANP, responsável pela fiscalização, orienta os motoristas a denunciarem qualquer suspeita de adulteração [5].

Como identificar e o que fazer

Identificar combustível adulterado pode ser um desafio, pois muitas vezes não há sinais visíveis imediatos. No entanto, alguns indícios podem alertar o motorista, como consumo excessivo, falhas no motor, perda de potência e luzes de advertência acesas no painel. Em caso de suspeita, é fundamental procurar um mecânico de confiança e denunciar a situação aos órgãos competentes, como a ANP.