
Uma obra de arte roubada durante a Segunda Guerra Mundial voltou a ser localizada mais de oito décadas depois. A pintura foi descoberta por acaso, em uma fotografia publicada em um anúncio de venda de imóvel na Argentina. Especialistas confirmam que se trata de “Retrato de uma Senhora”, do pintor italiano Giuseppe Ghislandi, roubada da coleção de Jacques Goudstikker, comerciante judeu de Amsterdã. A descoberta abre caminho para possíveis restituições e reforça a memória histórica do saque cultural promovido pelos nazistas. A investigação conecta a obra à família de um oficial de alto escalão do regime nazista.
O “Retrato de uma Senhora”, pintado por Giuseppe Ghislandi, fazia parte do acervo do colecionador Jacques Goudstikker, conhecido por sua ajuda a judeus que fugiam da opressão nazista. Durante a invasão nazista à Holanda, cerca de 800 peças de sua coleção foram confiscadas por Hermann Goering, comandante da Luftwaffe e ávido colecionador de arte.
Embora parte do acervo tenha sido recuperada no início dos anos 2000, centenas de obras permaneciam desaparecidas, incluindo o retrato da Condessa Colleoni. A descoberta atual se deu após a filha de Friedrich Kadgien, consultor financeiro de Goering, anunciar a venda de sua residência na Argentina. Entre as fotos do imóvel, a pintura apareceu pendurada na sala de estar, atraindo a atenção de especialistas em arte saqueada pelos nazistas.
Annelies Kool e Perry Schrier, da Agência do Patrimônio Cultural dos Países Baixos (RCE), analisaram as imagens e afirmaram que as dimensões, cores e detalhes da obra correspondem à original. A autenticação final poderá ser feita examinando o verso da tela, onde etiquetas e marcas podem confirmar a origem.
O jornalista responsável pelo veículo holandês AD tentou contato com a família detentora da obra, que até o momento não se pronunciou. A pintura está incluída na lista internacional de arte perdida e na lista oficial holandesa de obras de arte saqueadas pelos nazistas.
Especialistas lembram que casos como esse reforçam a importância de inventários históricos e da cooperação internacional para restituir obras de arte roubadas. A descoberta em um anúncio imobiliário mostra como pistas inesperadas podem ajudar a corrigir injustiças históricas e preservar a memória cultural.