
O Aalborg Zoo, no norte da Dinamarca, fez um apelo público nesta segunda-feira (4 de agosto de 2025): donos de coelhinhos, porquinhos-da-índia, galinhas e até cavalos saudáveis podem doá-los para ser alimento de predadores mantidos em cativeiro, como o lince-europeu, o tigre e o urso-pardo.
Segundo a publicação oficial, os animais serão eutanasiados de forma suave por equipe treinada, e utilizados no modelo de dieta de presa inteira — com pelagem, ossos e órgãos — para garantir comportamento natural, bem-estar nutricional e integridade profissional da instituição. O zoo garante que “nada será desperdiçado” e que o método é prática padrão entre zoológicos dinamarqueses.
A iniciativa incluiu também incentivo fiscal: quem doar cavalos de até 147 cm de altura, munidos de passaporte animal e sem histórico de tratamento médico nos últimos 30 dias, poderá receber dedução de imposto de acordo com o peso estimado do animal.
O apelo traz restrições objetivas: são permitidas até quatro pequenas espécies por visita, entregues apenas em horários comerciais. O zoo avisou que pode haver lista de espera, dependendo da demanda ao longo do ano.
Reações divididas e contexto histórico
A notícia dividiu opiniões. Enquanto alguns classificaram a medida como perturbadora e inconvencional, outros elogiaram a abordagem como humana e eficiente, especialmente para famílias em dificuldade que não conseguem realocar pets ou arcar com custos de descarte.
Em paralelo, um recente episódio no Zoo de Nuremberg, na Alemanha, reacendeu o debate: doze babuínos saudáveis foram mortos para controle populacional e servidos aos leões em frente ao público, provocando protestos e mais de 300 denúncias a organismos de direitos animais.
Por sua vez, a prática dinamarquesa de alimentar predadores com animais inteiros não é inédita. Em 2014, o Copenhagen Zoo sacrificou um girafa saudável chamado Marius, explicando que seus genes estavam sobre-representados, e posteriormente alimentou os leões com seu corpo. O caso gerou forte repercussão internacional, embora defensores tenham argumentado que a morte foi necessária para controle genético e evitou superpopulação.
Da mesma forma, doadores de cavalos revelaram que preferem essa destinação aos métodos convencionais de descarte — como incineração ou biodiesel — que podem ser caros e demorados. Um proprietário afirmou: “estar doando para que o animal vire parte da cadeia alimentar é melhor do que vê-lo apodrecer”.
Panorama dos fatos
Aspecto | Detalhes |
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Animais aceitos | Coelhos, porquinhos-da-índia, galinhas, até 4 por visita; cavalos até 147 cm |
Critérios para doação de cavalos | Passaporte animal, sem tratamento recente |
Horário de entrega | Dias úteis, entre 10h e 13h |
Propósito do método | Dieta de presa inteira para imitar natureza e promover bem-estar |
Resposta do público | Reações polarizadas entre choque ético e apoio pragmático |
Com mais de 15 anos experiência em jornalismo, posso afirmar que o apelo do Aalborg Zoo desafia percepções tradicionais sobre bem-estar animal e ética zoológica. Embora siga práticas consolidadas na Dinamarca e ofereça uma alternativa útil para donos em dificuldade, levanta questões éticas profundíssimas: até que ponto o uso de animais domésticos para alimentar outros em cativeiro é justificável por “respeito à cadeia alimentar”?
O debate tende a se intensificar à medida que outras instituições possam adotar ou rejeitar essas ações. Por ora, o zoo garante que seu único objetivo é promover dieta mais natural para os predadores, evitando desperdícios e mantendo integridade profissional.