Tarifaço de 50% dos EUA já afeta produtores brasileiros, que pedem ação imediata

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O anúncio do presidente Donald Trump, em 9 de julho de 2025, de aplicar tarifas de 50% sobre todas as exportações brasileiras à partir de 1º de agosto inicia efeitos concretos nos principais setores do agronegócio, pescados, cítricos, café e indústria nacional. Produtores, entidades e o governo brasileiro correm contra o tempo para negociar contramedidas.

Pescados: embarques congelados e contratos cancelados

  • A Abipesca revelou que 58 contêineres com cerca de 1.160 toneladas de pescados tiveram suas vendas aos EUA canceladas pelo “timing” da tarifa que passa a valer em agosto.
  • Com os EUA respondendo por 70% das exportações brasileiras de pescados, e 90% da tilápia indo para lá, o impacto imediato é na renda de pescadores, especialmente comunidades tradicionais.
  • A Abipesca pleiteia a exclusão do pescado da tarifa e a prorrogação do início por 90 dias, até regularizar contratos e escoamento de safra já contratada.

Cítricos e café: momento de cautela

  • A entidade que representa os produtores paulistas de cítricos pede cautela e negociação, lembrando que os EUA são destino de mais de 40% do suco de laranja brasileiro.
  • Apesar de produzindo normalmente, a medida acende o alarme para possíveis retenções de cargas.
  • O Cecafé participa de reuniões entre 14 e 16 de julho com o governo federal e parlamentares para avaliar o desempenho da safra 2024/25 e discutir estratégias.

Indústria alerta: investimentos em risco

  • A CNI afirmou que não há justificativa econômica para essa medida, que rompe a previsibilidade de contratos de longo prazo e ameaça a competitividade.
  • A taxação pode afetar plantas industriais que dependem de insumos nacionais exportados ou fabricados no Brasil para linhas de produção nos EUA.
  • A entidade pede “moderação, equilíbrio e negociação contínua”, para preservar a parceria com os Estados Unidos.

Governo reage com comitê e lei de reciprocidade

  • Nesta terça (15/7), o presidente Lula sancionou a Lei de Reciprocidade Econômica (15.122/25), permitindo retaliação proporcional a medidas tarifárias unilaterais.
  • Também foi criado o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas, que se reúne desde 15 de julho com setores produtivos para traçar respostas estratégicas.
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Cenário global e pressão política

  • A medida é política e uma retaliação a pressões sobre redes sociais e julgamentos no STF contra a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.
  • A queda nas exportações traz incerteza para investimentos e pode afetar a inflação ..
  • Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,4 bi para os EUA, com destaque para petróleo (US$ 7,5 bi) e metais como ferro, aço e aeronaves.

O “tarifaço” de Trump já impacta diretamente produtores brasileiros — principalmente dos pescados — e cria uma nuvem de incerteza sobre a indústria e o agronegócio. A reação envolve diálogo internacional, mobilização interna e criação de instrumentos legais para uma reação equilibrada. O adversário é forte, mas o Brasil responde com reciprocidade, diplomacia e união dos setores produtivos.