
O cenário político e econômico brasileiro em 2025 é marcado por uma crescente polarização e a implementação de um novo pacote fiscal, gerando debates acalorados e incertezas sobre o futuro do país. Campanhas digitais, como a que ataca o Congresso Nacional sob o lema “CONGRESSO PELO POVO”, e a discussão em torno do “PACOTE DO ALÍVIO JÁ”, que substitui o aumento do IOF, evidenciam as tensões entre o Executivo e o Legislativo, e as diferentes visões sobre a responsabilidade fiscal e o impacto social das medidas governamentais. A derrubada do aumento do IOF em junho de 2025, considerada uma das maiores derrotas do governo Lula, acendeu o estopim para uma série de ataques e contra-ataques nas redes sociais, utilizando inclusive inteligência artificial para disseminar narrativas. Enquanto o governo busca equilibrar as contas públicas através de novas fontes de receita, especialistas alertam para os riscos de uma dependência excessiva da arrecadação e o potencial impacto negativo no investimento e no crescimento econômico a longo prazo. Este embate reflete não apenas divergências ideológicas, mas também uma disputa por narrativas e responsabilidades em um momento crucial para a estabilidade do Brasil.
A Campanha Digital e o Novo Pacote Fiscal
A campanha “CONGRESSO PELO POVO” ganhou força nas redes sociais após a rejeição do aumento do IOF pelo Congresso Nacional em 25 de junho de 2025 [1]. Essa iniciativa, que utiliza inteligência artificial para criar vídeos com ataques diretos aos parlamentares, alega que o Congresso seria inimigo do povo. Perfis de militantes de esquerda têm compartilhado amplamente essas publicações, visando polarizar a opinião pública. Em resposta, a oposição, representada pela Federação União Progressista, utilizou a mesma ferramenta de IA para criticar o discurso do “nós contra eles”, atribuído ao PT [1].
O presidente da Câmara, Hugo Motta, manifestou preocupação com a escalada da polarização social, afirmando que “quem alimenta o ‘nós contra eles’ acaba governando contra todos” [1]. Ministros e líderes do governo, como Gleisi Hoffmann e José Guimarães, embora defendam o debate democrático, pediram moderação e evitaram ataques pessoais. No entanto, a oposição, liderada por Rogério Marinho (PL) no Senado e Zucco (PL) na Câmara, acusa o governo de transferir suas responsabilidades para o Congresso e de instigar um confronto social para impor sua agenda [1]. O cientista político Carlos Pereira corrobora essa visão, argumentando que, em regimes presidencialistas, a responsabilidade pela saúde econômica e fiscal recai sobre o Executivo, e não sobre o Legislativo [1].
Paralelamente a esse embate político, o governo apresentou o “Pacto pelo Equilíbrio Fiscal”, também conhecido como “PACOTE DO ALÍVIO JÁ”, como uma alternativa ao aumento do IOF [2]. Este pacote visa aumentar a arrecadação em R44,2bilho~esem2026,somadosaR 44,2 bilhões em 2026, somados a R44,2bilho~esem2026,somadosaR 12 bilhões remanescentes do decreto do IOF, totalizando R$ 56 bilhões. As medidas incluem a recalibragem do IOF, padronização tributária no sistema financeiro (com foco em apostas online e criptoativos) e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para revisar benefícios tributários [2].
No entanto, especialistas alertam para a insustentabilidade de uma estratégia fiscal que depende exclusivamente do aumento da receita. Com uma carga tributária já superior a 30% do PIB, novos aumentos podem desestimular o investimento e comprometer o crescimento potencial do país [2]. O pacote, embora politicamente viável, é considerado pouco ambicioso, pois preserva quase 70% do gasto tributário, deixando de fora grandes programas de incentivo como o Simples Nacional e a Zona Franca de Manaus [2]. Além disso, a proposta de unificar a alíquota do Imposto de Renda para títulos de renda fixa em 17,5% pode desincentivar a poupança de longo prazo, encarecendo projetos de infraestrutura e elevando o risco de rolagem da dívida pública [2].
O Cenário Macroeconômico e os Desafios Futuros
O Brasil enfrenta um cenário macroeconômico complexo em 2025, com projeções de crescimento do PIB revisadas para baixo e preocupações com a inflação [3]. A retração de 0,7% na “prévia do PIB” do Banco Central em maio de 2025 acende um alerta para a desaceleração econômica [4]. O governo, por sua vez, elevou a projeção do PIB para 2,5% em 2025, apostando na queda da taxa de desemprego e na redução da informalidade [5]. Contudo, analistas de mercado preveem um crescimento mais modesto, entre 1,6% e 2,0% [6].
No âmbito internacional, as relações comerciais do Brasil foram impactadas pelas novas tarifas de 50% impostas por Donald Trump, com início previsto para 1º de agosto de 2025. Essa medida, que coloca o Brasil com a maior tarifa entre os países notificados por Trump, é motivada, em parte, pelo tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil [10, 11].
Internamente, o processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) entra em sua fase final, com a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentando as alegações finais. A discussão sobre o encerramento ou prosseguimento desse processo adiciona mais um elemento de instabilidade ao cenário político nacional [12, 13].
Em relação à inflação, o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central em 14 de julho de 2025, projeta um fechamento de ano com inflação de 5,17%, uma leve queda em relação à semana anterior (5,18%) e quatro semanas atrás (5,25%). Para os anos subsequentes, as expectativas se mantiveram estáveis, em 4,5% para 2026 e 4% para 2027 [14].
As perspectivas para a economia brasileira em 2025 são permeadas por incertezas e desafios, tanto no âmbito global quanto interno [7]. A dívida pública bruta do Brasil, por exemplo, deve atingir 92% do PIB em 2025, com uma trajetória ascendente que pode chegar a 99,4% em 2029, segundo projeções do FMI [8]. A reforma tributária, embora prometa impulsionar a competitividade do país, ainda precisa demonstrar seus efeitos práticos [9].
Nesse contexto, a polarização política, intensificada pelas campanhas digitais e pelos embates entre os Poderes, pode agravar a instabilidade e dificultar a implementação de reformas estruturais necessárias. A falta de consenso e a disputa por narrativas podem minar a confiança dos investidores e da população, impactando negativamente o ambiente de negócios e o consumo. A necessidade de um “caminho durável” para a estabilidade fiscal, que combine reformas de gasto e receita sem minar investimentos, é um consenso entre os especialistas [2].
O Caminho para a Estabilidade
Diante do cenário de polarização política e dos desafios econômicos, o Brasil se encontra em um momento crucial. A campanha “CONGRESSO PELO POVO” e o “PACOTE DO ALÍVIO JÁ” são sintomas de uma discussão mais profunda sobre a governança e a sustentabilidade fiscal do país. Enquanto o governo busca soluções para o equilíbrio das contas públicas, a sociedade e os analistas clamam por uma abordagem mais abrangente e menos polarizada.
Para alcançar a estabilidade fiscal e promover o crescimento sustentável, é imperativo que o país adote uma estratégia que vá além do aumento da arrecadação. A revisão de gastos obrigatórios, a poda criteriosa de benefícios tributários e a busca por um consenso político são elementos essenciais para construir um futuro mais próspero. A superação da polarização e a construção de pontes entre os diferentes atores políticos e sociais serão determinantes para que o Brasil possa enfrentar seus desafios e aproveitar as oportunidades que se apresentam em 2025 e nos anos seguintes.