
Uma reação tropical à guerra comercial: memes, nus e diplomacia.
Em um momento de tensão diplomática e econômica entre Brasil e Estados Unidos, um fenômeno tipicamente brasileiro voltou com força: o Vampetaço. A viralização do termo — que liderou buscas no Google e ficou no topo dos trending topics do X (antigo Twitter) nas últimas 12 horas — foi uma resposta inusitada, cômica e crítica ao anúncio do presidente Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre importações brasileiras. O movimento gerou uma explosão de memes, imagens de nudez e protestos digitais com um quê de carnaval político.
O que é o “Vampetaço” e por que voltou agora?
De acordo com a Wikipédia, o Vampetaço é um fenômeno digital brasileiro que consiste em postar fotos nuas do ex-jogador Vampeta — retiradas de um ensaio feito para a revista G Magazine em 1999 — como forma de protesto, trollagem ou retaliação online. Em geral, as imagens são direcionadas a perfis de figuras públicas vistas como autoritárias ou incoerentes.
Na versão de 2025, o alvo da vez foi Donald Trump, após o anúncio das tarifas sobre produtos brasileiros. A comunidade digital reagiu de forma simultânea e maciça: as imagens de Vampeta (e, em alguns casos, até de Kid Bengala) tomaram conta das menções ao presidente norte-americano no X e Instagram, obrigando suas equipes a restringirem comentários nas publicações oficiais.
Repercussão e desdobramentos
Nas redes sociais
- A hashtag #Vampetaço superou 1,3 milhão de menções no X em menos de 24 horas.
- A criatividade dos internautas gerou montagens com Vampeta em frente à Casa Branca, ao lado de Trump e até com gráficos de exportação despencando ao fundo.
- O termo também entrou no top 10 do Google Trends Brasil, junto com “tarifas Trump Brasil” e “exportações de soja EUA”.
No cenário político
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, classificou a medida de Trump como “inamistosa e desproporcional”, e confirmou que o Brasil considera acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC). Já no Congresso, o deputado Júlio Lacerda (PSD-RJ) apresentou projeto de lei para compensar empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço.
Entre os especialistas
A economista Maria Antônia Silva, da FGV, afirmou:
“Essa medida pode causar perda de competitividade e desemprego em setores exportadores, especialmente alimentos processados, siderurgia e maquinário.”
Entenda o contexto histórico do ensaio de Vampeta
O ensaio nu de Vampeta para a G Magazine foi publicado em janeiro de 1999, quando o ex-volante estava no auge da carreira e precisava levantar fundos para restaurar o Cine Rio Branco, em sua cidade natal no Pará. À época, Vampeta recebeu cerca de R$ 80 mil (equivalentes a R$ 370 mil em 2025).
Apesar da ousadia, o jogador nunca demonstrou arrependimento. Segundo a Wikipédia, ele já afirmou em entrevistas que não se incomoda com a viralização das imagens, e chegou a elogiar o bom humor do “Vampetaço”, classificando-o como uma “marca registrada do brasileiro na internet”.
Impactos econômicos estimados
De acordo com o Ministério da Economia:
- Exportações para os EUA somam cerca de US$ 40 bilhões por ano, o que representa 15% do total brasileiro.
- A tarifa de 50% pode reduzir esse volume em até R$ 30 bilhões em 2025, afetando fortemente o setor industrial.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que mais de 400 mil empregos estejam em risco caso as tarifas permaneçam até o fim do ano.
O que vem pela frente?
O Brasil articula uma resposta no âmbito do BRICS+, com apoio da Índia e da África do Sul, e pretende negociar com a União Europeia uma nova rota de exportações para driblar as restrições. A chancelaria brasileira também trabalha com a possibilidade de retaliação comercial parcial, respeitando as regras da OMC.
Enquanto isso, a internet segue fervendo — e o Vampetaço continua sendo uma forma inesperada de pressão diplomática e afirmação cultural em tempos digitais.
Principais ocorrências anteriores do Vampetaço
O Vampetaço surgiu como uma prática típica da cultura digital brasileira e, ao longo dos anos, foi usado como forma de protesto, sátira ou “castigo virtual” contra pessoas ou instituições públicas. A tática é sempre irreverente e envolve o envio em massa de imagens do ex-jogador Vampeta nu (retiradas de seu ensaio de 1999 na revista G Magazine) para determinados perfis, geralmente em redes sociais. Veja os casos mais marcantes:
1. Big Brother Brasil (BBB) – 2020 e 2021
- Alvo: Participantes considerados racistas ou machistas dentro do reality show.
- Motivação: Usuários se organizaram para lotar as redes sociais dos participantes “cancelados” com imagens do Vampeta nu, como forma de protesto visual e trollagem pública.
- Reação: As equipes dos participantes passaram a bloquear comentários e a desativar replies nas postagens.
2. Contra perfis de políticos e bolsonaristas (2021–2023)
- Alvos: Políticos conservadores como Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e perfis pró-governo.
- Motivação: Postagens consideradas autoritárias, homofóbicas ou negacionistas provocavam uma enxurrada de imagens do Vampeta, como forma de “boicote visual”.
- Curiosidade: Em 2021, o termo Vampetaço entrou para os trending topics do X (ex-Twitter) por mais de 24 horas após uma polêmica envolvendo vacinas.
3. Em resposta ao governo de Israel – 2022
- Alvo: Perfis oficiais de Israel e de representantes diplomáticos no Brasil.
- Motivação: Ações do governo israelense na Faixa de Gaza foram repudiadas por ativistas brasileiros, que usaram o Vampetaço como forma de crítica simbólica.
- Reação: O perfil oficial da Embaixada de Israel desativou comentários temporariamente.
4. Clubes de futebol e CBF – 2023
- Alvo: CBF e perfis de clubes após decisões consideradas injustas.
- Motivação: Torcedores organizaram Vampetaços contra árbitros e dirigentes que teriam favorecido adversários em partidas decisivas.
- Impacto: Em 2023, o perfil oficial da CBF passou por uma “invasão” de imagens nuas, obrigando moderação.
5. Influencers e empresas – 2024
- Alvo: Influenciadores digitais acusados de racismo, LGBTfobia ou fraudes.
- Motivação: Usuários usaram o Vampetaço como forma de “boicote estético”, apelando ao humor como crítica.
- Casos famosos: Influencers fitness e até marcas como Arezzo e Madero foram alvo de vampetaços após declarações polêmicas de seus representantes.
O Vampetaço se consolidou como um fenômeno cultural único do Brasil digital: mistura de irreverência, protesto, memória afetiva e rebeldia visual. Embora use o humor como linguagem, seus alvos e contextos revelam pautas sérias, como justiça social, posicionamentos políticos e crítica a instituições de poder. Em 2025, o uso do Vampetaço contra o presidente dos EUA, Donald Trump, marca sua entrada no cenário diplomático global — um feito inédito até então.