
A interseção entre saúde mental e neurodegeneração, enfatiza a importância de uma abordagem holística no tratamento de distúrbios de humor em pacientes mais velhos. A crescente evidência científica pode não apenas melhorar a compreensão dos mecanismos subjacentes à depressão, mas também abrir portas para inovações terapêuticas fundamentais.
Uma pesquisa recente conduzida por cientistas do National Institutes for Quantum Science and Technology (QST) no Japão sugere que a depressão e o transtorno bipolar que surgem após os 40 anos podem ser precoces sinais de demência. O estudo revela que metade dos pacientes com esses transtornos apresenta concentrações elevadas de proteínas anormais no cérebro, associadas à doença neurodegenerativa.
O Estudo
Os pesquisadores analisaram 52 indivíduos de meia-idade e idosos que apresentaram sintomas severos de depressão ou bipolaridade. Utilizando tomografia por emissão de pósitrons (PET), a equipe examinou a presença de proteínas tau e beta-amiloide, frequentemente relacionadas à demência. Os resultados mostraram que 50% dos participantes com distúrbios de humor apresentavam acúmulos de tau, enquanto apenas 15% do grupo controle saudável apresentava essas anomalias.
“Os dados sugerem que os transtornos de humor tardios podem ser, na verdade, um estágio inicial da demência”, afirmou Keisuke Takahata, principal pesquisador do QST.
Implicações da Pesquisa
Os cientistas notaram que pacientes com sintomas mais severos, como alucinações, tinham um acúmulo maior de tau nas áreas do cérebro relacionadas ao humor. Essa descoberta reforça a hipótese de que os transtornos psicológicos podem preceder a demência, com os sintomas de depressão surgindo em média sete anos antes do diagnóstico de demência.
Além disso, novos medicamentos como lecanemab, que inibem o acúmulo de proteínas anormais, já estão sendo utilizados no tratamento da demência, oferecendo esperança para novos métodos de tratamento da depressão.
Citações Relevantes
Shin Kurose, associado de pesquisa do QST, destacou: “Utilizaremos PET scans, que ainda não são amplamente adotados para tratar distúrbios mentais, para desenvolver novas terapias baseadas no grau de acúmulo de proteínas anormais. Nossa meta é também melhorar a prevenção e o diagnóstico precoce da demência”.
As descobertas do estudo, publicadas na revista Alzheimer’s & Dementia, podem transformar a abordagem médica em relação à depressão em idosos, ressaltando a importância da avaliação neurológica em pacientes com sintomas depressivos tardios. À medida que a pesquisa avança, espera-se que novas estratégias de tratamento e diagnóstico ajudem a mitigar os efeitos devastadores da demência.