
Pesquisadores alcançam feito inédito com ilhotas pancreáticas humanas funcionais criadas por bioprintagem e testadas com sucesso em laboratório e modelos animais.
Uma equipe internacional de cientistas conseguiu, pela primeira vez, imprimir em 3D células pancreáticas humanas funcionais — um avanço que pode transformar o tratamento da diabetes tipo 1. O estudo, publicado em junho em plataformas científicas e divulgado por instituições como a Wake Forest Institute for Regenerative Medicine (EUA), mostra que as chamadas ilhotas de Langerhans, responsáveis pela produção de insulina, foram impressas com sucesso utilizando uma bio-tinta desenvolvida a partir de matriz extracelular pancreática e alginato.
As estruturas bioprintadas permaneceram viáveis e metabolicamente ativas por até três semanas em laboratório, com mais de 90% de sobrevivência celular. Os testes demonstraram que essas células foram capazes de detectar os níveis de glicose e liberar insulina de maneira adequada — comportamento similar ao de um pâncreas saudável.
O avanço foi confirmado por publicações revisadas por pares, como o periódico Micromachines (MDPI), e por veículos científicos como EurekAlert! e Cosmos Magazine, que destacaram a capacidade das ilhotas impressas de se manterem funcionais em condições simuladas, além de apresentarem desempenho superior ao de ilhotas transplantadas sem estrutura.
Procedimento menos invasivo
Diferentemente dos transplantes convencionais — geralmente realizados no fígado e com riscos significativos —, a nova técnica propõe a implantação dessas ilhotas sob a pele do paciente, em procedimento minimamente invasivo e com anestesia local. Essa abordagem visa facilitar o acesso terapêutico e reduzir complicações clínicas associadas ao transplante tradicional.
Segundo o Dr. Quentin Perrier, líder do estudo, “a tecnologia de bioprintagem abre caminho para uma terapia personalizada, escalável e com menor risco de rejeição. Estamos próximos de viabilizar implantes funcionais que dispensem a aplicação diária de insulina para pacientes com diabetes tipo 1.”
Próximos passos: testes clínicos e criopreservação
Atualmente, os testes estão sendo realizados em modelos animais. Um dos desafios em curso é validar a segurança e a eficácia a longo prazo em humanos, além de tornar viável a criopreservação das estruturas, o que possibilitaria sua produção e distribuição em escala global.
Esse avanço se soma aos esforços de cientistas em todo o mundo para combater a diabetes tipo 1 — doença autoimune que afeta milhões de pessoas e exige monitoramento constante dos níveis de glicose e aplicações diárias de insulina.
Especialistas afirmam que, embora a aplicação clínica ainda dependa de novos testes e regulações, o resultado é um marco na medicina regenerativa e representa um passo concreto rumo a tratamentos mais eficazes e acessíveis.