
1º Seminário Novo Acordo do Rio Doce reúne especialistas, atingidos e autoridades para discutir soluções sustentáveis e urgentes para a região.
Pesquisadores, representantes de comunidades atingidas, membros do Ministério Público e autoridades do Governo Federal se reuniram esta semana, no Palácio do Planalto, em Brasília, para debater os rumos do Novo Acordo da Bacia do Rio Doce. O encontro marcou o 1º Seminário Novo Acordo do Rio Doce: Perspectivas e Possibilidades para o Desenvolvimento da Região e teve como foco o cuidado com a população impactada e o meio ambiente, quase 10 anos após o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG).
Ao longo do dia, o seminário expôs dados técnicos, relatos emocionantes e propostas concretas para garantir que as ações de reparação avancem de forma justa e eficaz.
Voz das vítimas: “Não queremos errar de novo”
Mônica dos Santos, da Comissão de Atingidos de Mariana, emocionou o público ao relatar a dificuldade de reconstruir a vida em Bento Rodrigues. “Perdemos tudo: terra, animais, rotina, saúde. E ainda esperam que sigamos em frente sem o básico”, desabafou.
Do Espírito Santo, Manoel Bueno dos Santos, o “Nego da Pesca”, criticou o abandono dos pescadores. “Como vamos oferecer a moqueca capixaba se o peixe está contaminado? Até hoje, ninguém descontaminou nada”, cobrou o líder do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais.
Saúde, meio ambiente e dignidade no centro do debate
O Ministério da Saúde destacou os principais impactos sobre a população da região: saúde mental, qualidade da água e contaminação por substâncias químicas. Sérgio Rossi Ribeiro, gestor do Programa Especial do Rio Doce, anunciou a criação de três centros de referência para vigilância química e ações estruturadas por meio dos Lacens (Laboratórios Centrais de Saúde Pública).
“Visitamos comunidades, ouvimos demandas e estamos estruturando ações para monitorar a água e cuidar da saúde mental, que é silenciosa, mas devastadora”, explicou.
Propostas para reconstruir com justiça
Representantes da sociedade civil e especialistas apresentaram propostas que envolvem desde ações ambientais até segurança alimentar. Entre elas:
- Reconstrução da confiança na água potável
- Criação de comitês populares de reparação
- Valorização da agricultura local e permanência das famílias no campo
- Reorientação das políticas do SUS na região
- Ampliação de equipes de saúde
- Manejo adequado dos rejeitos para evitar nova contaminação
- Uso de biotecnologia na recuperação do rio
- Monitoramento contínuo da fauna e da água
Diálogo contínuo: um compromisso para não repetir erros
Entre os presentes, ficou claro que a chave para um futuro mais justo passa pelo diálogo permanente com quem vive a tragédia. “Não podemos repetir os erros do passado. O que começa errado, termina errado”, alertou Nego da Pesca.
O Governo Federal defende que seminários como este são fundamentais para alinhar as ações de sua responsabilidade no Novo Acordo e garantir que elas realmente façam diferença na vida das pessoas.
com informações da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República