
Municípios menores mantêm altos percentuais, mas gasto per capita ainda é baixo na maior parte do estado; Mucurici lidera ranking com R$ 2,2 mil por morador
Um levantamento do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES) mostra que a maioria dos municípios capixabas ainda investe pouco por habitante na área da saúde. Dos 78 municípios, 82% aplicaram menos de R$ 1 mil per capita em 2024. Os dados são do Painel de Controle do TCE, alimentado com informações oficiais prestadas pelos próprios municípios.
A média estadual ficou em apenas R$ 389,73 por habitante, revelando uma disparidade significativa entre cidades de mesmo porte. Apesar disso, todos os municípios — com exceção de Mantenópolis — cumpriram o mínimo constitucional de 15% da receita própria aplicada em saúde.
Mucurici lidera ranking per capita com R$ 2.216
Entre os destaques do relatório estão pequenos municípios com alta proporção de investimento por morador. O líder do ranking é Mucurici, no extremo norte capixaba, que aplicou R$ 2.216,11 por habitante em saúde em 2024 — o que representa 33,83% de sua receita total.
Na sequência aparecem Anchieta, com R$ 2.017,93, e Alfredo Chaves, com R$ 1.315,81. Essas cidades, de menor população, conseguiram investir proporcionalmente mais — uma vantagem que nem sempre se reflete em municípios de maior porte e demandas mais complexas.
Maiores cidades aplicam mais em volume, mas menos por pessoa
Quando se considera o total investido, municípios como Serra (R$ 432,5 milhões), Vitória (R$ 427,8 milhões) e Vila Velha (R$ 328,2 milhões) estão entre os maiores do estado. No entanto, o valor por habitante é consideravelmente mais baixo. Vitória, por exemplo, destinou R$ 1.674,85 per capita, número acima da média, mas distante dos líderes.
Desigualdade regional e necessidade de equilíbrio
A disparidade nos investimentos por morador escancara a desigualdade regional na oferta de saúde pública. Municípios com menor capacidade de arrecadação e alta demanda enfrentam dificuldades para manter equipes completas, estoques de medicamentos e equipamentos básicos.
Especialistas ouvidos por órgãos de controle e entidades de saúde alertam que o volume investido por habitante é tão ou mais importante do que o percentual da receita, pois é o que define o real impacto no atendimento à população.
O que diz o TCE
O Painel de Controle do TCE-ES é uma ferramenta pública que permite o acompanhamento, por município, de indicadores de saúde, educação, receita e despesas. Os dados de 2024 começaram a ser auditados em abril e devem embasar os julgamentos das contas dos prefeitos nos próximos dois anos.
A recomendação do Tribunal é que os gestores municipais invistam não apenas para cumprir metas legais, mas para ampliar a eficiência do serviço, melhorar a cobertura da atenção básica e garantir equidade no atendimento.
Embora o Espírito Santo tenha registrado um investimento total recorde na área da saúde em 2024, os dados oficiais apontam que o gasto por habitante ainda é limitado na maior parte das cidades. A diferença entre os valores absolutos e o impacto real no cidadão deve orientar a formulação de políticas públicas mais justas, com foco na distribuição equilibrada dos recursos — independentemente do porte do município.