
A presença de profissionais com mais de 60 anos cresce no Espírito Santo, chegando a 24,1% dos trabalhadores formais. Além disso, a taxa de desocupação no estado está em seu menor nível em décadas, 3,9%. Por um lado, há escassez de jovens qualificados e, por outro, há idosos ativos e dedicados. Consequentemente, empresas estão recrutando a chamada “geração prateada” visando experiência e comprometimento. Ademais, a longevidade elevada e a necessidade de complementar renda impulsionam essa tendência.
Crescimento relevante no Espírito Santo
Dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), baseados na PNADC/IBGE, mostram que 24,1% dos trabalhadores formais no Espírito Santo têm 60 anos ou mais. A taxa de desocupação do estado em 2024 foi de apenas 3,9% – a quarta menor do país .
Força da experiência e do comprometimento
Para líderes do setor empresarial, o perfil dos profissionais com mais idade é uma vantagem estratégica. O vice-presidente da Fecomércio-ES, José Carlos Bergamin, observa que “as experiências são positivas e com ganhos adicionais pelo comprometimento profissional”. Já o presidente da Associação Comercial da Praia do Canto, Cesar Saade Junior, destaca que, diferentemente dos jovens sem plano de carreira, os “jubilares” buscam evolução e constância.
Preferência por trabalho presencial
Elcio Paulo Teixeira, CEO da Heach RH, comenta que muitos profissionais acima de 60 anos preferem atuar presencialmente, o que facilita a integração com equipes presenciais e reforça o compromisso.
Motivações da terceira idade ativa
A necessidade de complementação de renda devido à inflação e aos custos com saúde é um fator-chave, segundo Fernando Otávio Campos (Abih-ES). Além disso, manter-se no mercado também atende ao bem-estar emocional — uma estratégia de manutenção da saúde mental .
Dados nacionais corroboram tendência
No Brasil, a participação de profissionais com mais de 60 anos no mercado formal cresceu 63% entre 2012 e 2024, chegando a cerca de 3 milhões de trabalhadores, ou 6% dos contratos CLT. A escalada da Pnad de 5,5% para 7,9% entre 2012 e 2024 confirma o aumento da inclusão dessa faixa etária.
Perfil e condições das contratações
Apesar do crescimento, o efeito é predominante em vagas de baixa qualificação ou informalidade, como motorista, vigia e auxiliar . A maioria (53,5%) está na informalidade, evidenciando fragilidade contratual. O retorno ao trabalho é, muitas vezes, motivado por aposentadorias que não cobrem o custo de vida.
Transição demográfica e perspectivas futuras
O Brasil envelheceu rapidamente — em 2022, 15,6% da população tinha mais de 60 anos, segundo o Censo do IBGE. Projeta-se que o percentual chegue a 30% até 2050. Essa mudança e a reforma da Previdência de 2019, que elevou a idade mínima para aposentadoria, reforçam a tendência de maior participação dos idosos no mercado.
Desafios e oportunidades
Apesar do etarismo persistente — preconceito que ignora potencial e capacidade dos mais velhos — cresce a conscientização sobre os benefícios da inclusão geracional. Especialistas ressaltam que a mistura de gerações enriquece o ambiente corporativo com valores, diversidade e sabedoria.
O mercado de trabalho vem repensando a presença dos profissionais com mais de 60 anos. No Espírito Santo, quase um quarto dos trabalhadores formais é idoso. No restante do país, a participação também cresce, ainda que em vagas menos valorizadas e muitas vezes informais. Com o envelhecimento da população e novas demandas, as empresas têm a oportunidade de aproveitar essa “geração prateada”.