
Mulheres e meninas sofrem os impactos da crise climática de forma mais intensa, enfrentando fome, pobreza e violência. Pela urgência da situação, é preciso responder com políticas que reconheçam essa realidade desigual. Além disso, sabem que aumentar a presença feminina na liderança climática gera soluções mais eficazes. Estudos da ONU indicam que cada grau Celsius adicional eleva a violência doméstica em quase 5%. Consequentemente, proteger o meio ambiente é também garantir justiça e igualdade de gênero.
A crise climática vista pelo olhar das mulheres
Impactos agridem primeiro o gênero mais vulnerável
Segundo relatório da ONU Mulheres, até 2050, os efeitos extremos do clima podem empurrar 158 milhões de mulheres à pobreza e 236 milhões à fome. Dados do IPCC confirmam que cerca de 72% das pessoas em extrema pobreza são mulheres.
Violência impulsionada pelo calor
A Iniciativa Spotlight da ONU revela que cada grau a mais na temperatura aumenta a violência entre parceiros íntimos em quase 5%, com ondas de calor podendo elevar feminicídios em até 28%.
Vulnerabilidade ampliada em deslocamentos e pobreza
A crise climática força migrações. Cerca de 80% dessas pessoas deslocadas são mulheres. Com insegurança alimentar, queda de renda e deslocamentos, mulheres ficam ainda mais expostas à violência e à precariedade .
Ação: justiça climática e participação política
Conceito de justiça climática
A justiça climática valoriza equidade e direitos humanos, destacando que quem menos emite sofre mais. Mulheres, indígenas e comunidades tradicionais estão no centro dessa injustiça dupla e tripla.
Empoderamento e representatividade
A inclusão das mulheres na tomada de decisões climáticas é urgente. Na COP, mulheres ocupam menos de 40% dos cargos, embora hoje elas sejam as principais prejudicadas pelas mudanças. ONU Mulheres destaca que todos os acordos climáticos devem incluir perspectiva de gênero.
Soluções e iniciativas promissoras
Políticas com foco no gênero
ONU Mulheres defende integrar análise de gênero nas políticas climáticas, levando em conta especificidades das mulheres. Além disso, o papel das mulheres é vital nos sistemas alimentares sustentáveis — elas produzem de 70% a 80% dos alimentos para populações vulneráveis.
Proteção social como escudo climático
Relatório da ONU destaca que mulheres recebem menos cobertura de proteção social (50,1% versus 54,6% para homens). Em países vulneráveis ao clima, 75% da população não tem proteção social, ampliando riscos diante de choques climáticos.
Fortalecimento local e tradicional
Saberes tradicionais, frequentemente transmitidos por mulheres em comunidades tradicionais como as quebradeiras de coco, são cruciais para a conservação e adaptação ao clima. Valorizar essas líderes locais é chave para enfrentar crises com justiça.
Caminhos urgentes
- Integração de gênero nas políticas climáticas, garantindo que mulheres participem da formulação e liderança.
- Expansão da proteção social para mulheres vulneráveis, assegurando acesso a serviços e renda no enfrentamento das mudanças.
- Incentivo à agroecologia, com apoio à agricultura liderada por mulheres, valorizando práticas sustentáveis.
- Combate à violência climática, reconhecendo o aquecimento como acelerador de violência doméstica e criando redes de proteção especializada.