Inflação desacelera em maio, mas conta de luz pressiona famílias; construção civil tem alta moderada

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A desaceleração da inflação trouxe alívio ao bolso do brasileiro no último mês. O IPCA de 0,26% em maio, surpreendeu positivamente. Ao mesmo tempo, o setor da construção revelou aumento moderado nos custos, com INCC/Sinapi em 0,43%. Os dados atualizados influenciam a expectativa para as próximas decisões do Banco Central. Ainda assim, desafios persistem: tarifas de energia e insumos continuam influenciando o cenário.

A inflação perdeu fôlego em maio, oferecendo um alívio temporário ao bolso dos brasileiros. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu apenas 0,26% no mês, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta segunda-feira (10). A queda no ritmo de alta dos preços foi puxada pela retração em transportes e alimentos, mas o avanço nas contas de energia manteve a pressão sobre o orçamento das famílias.

Na construção civil, os custos também subiram, embora em ritmo controlado: o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) registrou variação de 0,43%, acumulando alta de 5,01% em 12 meses. O comportamento dos dois indicadores reforça as incertezas sobre os próximos passos da política monetária do país.

Alívio no IPCA, mas com ressalvas

O IPCA de maio desacelerou em relação a abril, quando havia subido 0,38%. No acumulado de 2024, a inflação oficial soma 2,75% e atinge 3,93% nos últimos 12 meses — ainda abaixo do teto da meta de 4,5% estabelecida pelo Banco Central.

Entre os nove grupos pesquisados, quatro registraram deflação. O principal alívio veio de Transportes (-0,37%), com destaque para a forte queda nas passagens aéreas (-11,31%) e combustíveis (-0,72%).

Alimentos e bebidas também desaceleraram fortemente, passando de 0,81% em abril para 0,17% em maio. Produtos como tomate (-6,33%), arroz (-2,15%), ovos (-1,46%) e frutas (-1,43%) ajudaram a conter os preços nos supermercados.

Por outro lado, Habitação foi o grupo com maior impacto no índice geral, com alta de 1,37%, influenciado diretamente pela conta de luz, que subiu 3,56%. A mudança da bandeira tarifária verde para a amarela adicionou R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos, gerando um impacto de 0,14 ponto percentual no IPCA de maio.

Construção civil: variação controlada, mas contínua

O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) apresentou alta de 0,43% em maio, ligeiramente abaixo dos 0,46% registrados em abril. Com isso, o custo médio do metro quadrado no país chegou a R$ 1.826,53.

A alta foi puxada por materiais de construção, que subiram 0,51%, enquanto a mão de obra teve acréscimo de 0,33%. No ano, o Sinapi acumula alta de 2,00%, e de 5,01% em 12 meses.

Entre os estados, Rondônia teve a maior variação mensal, com alta de 1,46%, impulsionada por reajustes salariais decorrentes de convenções coletivas.

Expectativas para juros e economia

A inflação mais branda em maio pode aliviar a pressão sobre o Comitê de Política Monetária (Copom), que tem mantido a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano. No entanto, analistas econômicos alertam que o comportamento dos preços administrados — como energia elétrica e combustíveis — ainda exige cautela.

Segundo economistas ouvidos pela Reuters, o IPCA veio abaixo das expectativas do mercado, que giravam em torno de 0,32% a 0,37%. Isso pode abrir espaço para revisões nas projeções inflacionárias para o ano. No entanto, para que o índice volte ao centro da meta anual, seria necessária uma deflação de ao menos 0,57% em junho, o que é considerado improvável.

Apesar do alívio nos preços, o ambiente macroeconômico segue desafiador. A taxa de juros elevada continua impactando o crédito, o consumo e o setor produtivo. No setor da construção, o aumento moderado nos custos exige atenção especial de construtoras e compradores, sobretudo nos financiamentos habitacionais.

Maio trouxe uma pausa na escalada inflacionária, mas os dados ainda revelam um cenário complexo. A queda nos preços de alimentos e passagens aéreas não foi suficiente para compensar os aumentos em energia elétrica e custos de construção. As famílias brasileiras continuam sentindo no bolso a oscilação dos preços, enquanto o Banco Central monitora de perto os próximos passos da economia.