
A produção industrial brasileira avançou 0,1% de março para abril de 2025, marcando o quarto mês consecutivo de crescimento, conforme dados do IBGE. Apesar da sequência positiva, o ritmo desacelerado indica uma possível estagnação no setor. Especialistas apontam que fatores como juros elevados e incertezas econômicas estão influenciando esse cenário. Enquanto alguns segmentos industriais apresentam recuperação, outros continuam enfrentando desafios significativos. A análise detalhada dos dados revela um panorama complexo da indústria nacional.
Em abril de 2025, a produção industrial brasileira registrou um crescimento de 0,1% em relação a março, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este resultado representa o quarto mês consecutivo de expansão, acumulando um aumento de 1,5% no ano. No entanto, especialistas alertam para a moderação no ritmo de crescimento, sugerindo uma possível estagnação no setor.
Segundo o pesquisador do IBGE, André Macedo, “por trás desse comportamento de menor intensidade da produção industrial há fatores que a gente já vem elencando há algum tempo. A taxa de juros em patamares mais elevados traz adiamento nas decisões de consumo das famílias e adiamento nas decisões de investimentos por parte das empresas. E tem o ambiente de incerteza não só no mercado doméstico, mas também no ambiente internacional” .
Desempenho por Categorias Econômicas
Entre as quatro grandes categorias econômicas da indústria, três apresentaram crescimento em abril:
- Bens de capital: crescimento de 1,4%.
- Bens intermediários: aumento de 0,7%.
- Bens de consumo duráveis: alta de 0,4%.
Por outro lado, os bens de consumo semi e não duráveis registraram uma queda de 1,9%.
Setores em Destaque
Dos 25 ramos industriais pesquisados, 13 apresentaram crescimento. Destacam-se:
- Indústrias extrativas: aumento de 1%.
- Bebidas: crescimento de 3,6%.
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: alta de 1%.
- Impressão e reprodução de gravações: expressivo crescimento de 11%.
Entretanto, alguns setores enfrentaram retração significativa:
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: queda de 8,5%.
- Celulose, papel e produtos de papel: redução de 3,1%.
- Máquinas e equipamentos: diminuição de 1,4%.
- Móveis: queda de 3,7%.
- Produtos diversos: redução de 3,8%.
- Máquinas, aparelhos e materiais elétricos: queda de 1,9% .
Perspectivas e Desafios
Apesar dos resultados positivos em alguns segmentos, a indústria brasileira ainda enfrenta desafios significativos. A taxa básica de juros (Selic) permanece elevada, o que impacta negativamente o consumo e os investimentos. Além disso, a incerteza econômica, tanto no cenário doméstico quanto internacional, contribui para a cautela dos empresários e consumidores.
O governo federal, por meio do plano “Nova Indústria Brasil”, busca reverter o processo de desindustrialização e promover a modernização do setor industrial. O plano prevê investimentos em áreas estratégicas como agroindústria, saúde, infraestrutura urbana, tecnologia da informação, bioeconomia e defesa, com metas estabelecidas até 2033.
O crescimento de 0,1% na produção industrial em abril de 2025 indica uma continuidade na recuperação do setor, embora em ritmo moderado. A análise detalhada dos dados revela um cenário misto, com avanços em algumas áreas e desafios persistentes em outras. A implementação eficaz de políticas públicas e a melhoria do ambiente econômico serão cruciais para sustentar e acelerar o crescimento industrial no país.