Rosa, vermelha ou branca: todas as rosas já foram amarelas, revela estudo genético surpreendente

Foto de bardia Hashemirad na Unsplash

Pesquisa chinesa mapeia ancestral comum das rosas modernas e aponta origem única em flor amarela com pétalas simples

​Um novo estudo genético conduzido por cientistas chineses revelou que todas as rosas — das vermelhas às brancas, passando pelas rosadas e cor de pêssego — descendem de uma única flor ancestral: amarela e com apenas uma fileira de pétalas. A descoberta lança luz sobre a evolução do gênero Rosa e pode transformar o futuro da jardinagem e da floricultura.

O trabalho, liderado por pesquisadores da Universidade Florestal de Pequim e publicado na revista Nature Plants, analisou o genoma de mais de 200 amostras de rosas, cobrindo mais de 80 espécies. O objetivo? Rastrear a linhagem genética dessas flores tão populares e entender como elas se tornaram símbolo universal de beleza, romance e resistência.​

Uma única flor no início de tudo

O ancestral comum identificado pelos cientistas era bem diferente das rosas exuberantes que conhecemos hoje. Segundo o estudo, tratava-se de uma flor amarela, com sete folíolos e uma única fileira de pétalas — uma imagem distante das rosas híbridas com dezenas de camadas delicadas que dominam os buquês e jardins modernos.​

O processo de evolução e domesticação das rosas ocorreu ao longo de milhares de anos. Populações humanas em diferentes partes do mundo selecionaram e cruzaram espécies naturais, buscando características específicas como fragrância, cor e resistência ao clima. Atualmente, estima-se que existam entre 150 e 200 espécies silvestres e mais de 35 mil cultivares em circulação.​Pinterest

Entre ciência e cultura: o impacto das rosas no mundo

As rosas não são apenas flores ornamentais. Elas representam quase 30% do mercado global de flores de corte e desempenham papéis simbólicos profundos em diferentes culturas — do amor cortês europeu às cerimônias asiáticas. Com uma diversidade incrível de cores e significados, elas são protagonistas de histórias, poesias, canções e rituais.​

Contudo, o cenário atual impõe novos desafios. As mudanças climáticas têm forçado botânicos e geneticistas a buscarem variedades mais resistentes à seca, doenças e variações bruscas de temperatura. A pesquisa genômica, nesse contexto, se torna uma aliada fundamental.​

Genética a serviço da conservação e inovação

Ao sequenciar o DNA das rosas silvestres e cultivadas, os cientistas conseguiram mapear conexões genéticas e traçar a origem geográfica das espécies, possibilitando estratégias mais eficazes para conservação. Muitas variedades nativas estão ameaçadas, e compreender sua ancestralidade pode ajudar a preservá-las antes que desapareçam.​

Além disso, o estudo abre caminhos para a criação de novas variedades com base na engenharia genética e seleção assistida por marcadores. Ou seja, podemos estar à beira de uma nova revolução na forma como produzimos e cuidamos de rosas, agora com base em dados científicos de alta precisão.​

A beleza das rosas começa na raiz da história

A ideia de que todas as rosas coloridas um dia foram amarelas nos convida a enxergar a beleza não apenas na flor, mas em sua trajetória. Da simplicidade de uma flor amarela às sofisticadas espécies híbridas que enfeitam casamentos e homenagens, as rosas carregam em seu DNA um legado de resistência, adaptação e transformação — assim como a própria humanidade.