
Decisão unânime do Comitê de Política Monetária reflete preocupação com inflação alta e incertezas globais, enquanto mercado projeta mais ajustes no futuro.
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano, marcando o quinto aumento consecutivo. A decisão, unânime e alinhada com as expectativas do mercado, busca conter a inflação, que segue acima da meta, em um cenário de incertezas globais e pressões domésticas.
O comunicado do Copom destacou que a inflação, tanto a cheia quanto os núcleos (que excluem itens voláteis como alimentos e energia), continua em alta. Além disso, o comitê sinalizou que pode realizar um ajuste menor na próxima reunião, em maio, mantendo o ciclo de aperto monetário. O mercado financeiro projeta que a Selic pode subir ainda mais, dependendo da evolução da economia e dos preços.
Incertezas globais
Em meio a um cenário global marcado por incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos e os impactos da guerra na Ucrânia, o Banco Central do Brasil (BC) decidiu elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, levando a Selic para 14,25% ao ano. Esse é o maior patamar desde outubro de 2016, durante a crise política e econômica que marcou o governo de Dilma Rousseff.

A decisão do Copom foi unânime e já era esperada pelo mercado financeiro, que acompanha de perto os esforços do BC para controlar a inflação. Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 1,48%, acumulando alta de 4,87% em 12 meses – acima do teto da meta de inflação para 2022, que era de 5%.
O comunicado do Copom ressaltou que a inflação de serviços e os núcleos inflacionários continuam pressionados, enquanto as expectativas para os próximos anos também aumentaram. Segundo a pesquisa Focus, a previsão do mercado para o IPCA em 2025 subiu para 5,7%, acima do teto da meta de 4,5%.
Impactos no crédito e na economia
O aumento da Selic tem como objetivo frear a inflação ao encarecer o crédito e desestimular o consumo. No entanto, juros mais altos também podem impactar negativamente o crescimento econômico. O Banco Central revisou sua projeção de crescimento do PIB para 2025, elevando-a para 2,1%, enquanto o mercado espera uma expansão um pouco menor, de 1,99%.
Para os consumidores, a alta da Selic significa crédito mais caro, com impactos diretos em financiamentos imobiliários, empréstimos pessoais e cartões de crédito. Por outro lado, a rentabilidade de investimentos atrelados à taxa básica, como títulos públicos e poupança, tende a aumentar.
Próximos Passos
O Copom sinalizou que, na próxima reunião, em maio, o ajuste na Selic deve ser de “menor magnitude”. No entanto, o comitê deixou em aberta a possibilidade de novas altas, dependendo da evolução da inflação e da atividade econômica.
“O Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”, destacou o comunicado.