
O mercado de crédito imobiliário no Brasil deve encerrar 2024 com forte expansão, alcançando R$ 300 bilhões em contratações, de acordo com estimativas da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). No entanto, o setor enfrenta desafios significativos para manter o ritmo de crescimento no próximo ano.
Entre os principais obstáculos estão a necessidade de diversificar fontes de captação e realizar ajustes diante de mudanças no cenário regulatório e econômico. Especialistas apontam que a sustentabilidade desse avanço dependerá de medidas estratégicas para contornar essas barreiras e atender à demanda crescente por financiamentos.
Para Ricardo Gava, executivo da Gava Crédito Imobiliário e diretor do Secovi-ES, o principal desafio continua sendo a taxa de juros. No entanto, ele destaca outro ponto específico e igualmente relevante para o crédito imobiliário: a origem dos recursos. “Historicamente, a caderneta de poupança foi a principal fonte de financiamento habitacional no Brasil. Porém, ao longo dos anos, ela tem perdido atratividade como investimento para pessoas físicas, que migram para aplicações com maior retorno. Isso gera um desafio para o setor: encontrar outras fontes de captação capazes de sustentar o volume crescente de crédito imobiliário”, explica Gava.
Ele aponta que alternativas como CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e LCI (Letras de Crédito Imobiliário) têm desempenhado um papel crescente na diversificação de fontes. No curto prazo, medidas como a redução dos depósitos compulsórios poderiam injetar recursos no sistema financeiro, aliviando a pressão sobre a poupança já em 2025. “Essa seria uma solução temporária, mas não definitiva. O foco precisa estar em estratégias mais amplas e sustentáveis, que incluam o investidor institucional no mercado habitacional”, avalia.
Além disso, o mercado tem adotado outras soluções inovadoras, como linhas de crédito atreladas ao CDI e fundos de investimento com viés sustentável, conhecidos como fundos verdes. “Estamos vendo o setor se adaptar, diversificar e inovar. O crédito imobiliário está evoluindo para atender às novas demandas, tanto das famílias quanto dos investidores”, afirma o executivo.
Ricardo Gava também ressalta que, apesar dos desafios, o setor imobiliário brasileiro é resiliente e está se transformando de maneira positiva. “Não se trata de um cenário negativo, mas de uma transição para um mercado mais dinâmico e diversificado, com alternativas que garantam a sustentabilidade do crédito imobiliário a longo prazo”, conclui.
Com perspectivas de ajustes e evolução, o mercado se prepara para 2025 com foco em equilibrar inovação, acessibilidade e o desenvolvimento de soluções que continuem a fomentar o crescimento sustentável do setor habitacional no Brasil.