Escorpiões invadem cidades brasileiras: picadas aumentam e mortes assustam – saiba se sua casa está em risco

Imagem de Josch13 por Pixabay

O Brasil enfrenta uma crescente crise de saúde pública devido ao aumento alarmante de picadas de escorpião, impulsionado por fatores como urbanização desordenada, mudanças climáticas e condições sanitárias precárias.

Entre 2014 e 2023, o país registrou mais de 1,1 milhão de casos de picadas de escorpião, representando um aumento de 155% no período. Somente em 2024, dados preliminares apontam para quase 200 mil incidentes e 133 mortes relacionadas. Especialistas alertam que esses números podem ser ainda maiores devido à subnotificação, já que muitas vítimas optam por tratamentos caseiros ou não procuram atendimento médico.

Fatores que favorecem a proliferação

A urbanização rápida e sem planejamento, especialmente em áreas como favelas, cria ambientes ideais para os escorpiões, oferecendo abrigo em entulhos, esgotos e construções mal acabadas, além de uma abundante oferta de alimento, como baratas. O escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), uma das espécies mais perigosas, destaca-se por sua capacidade de reprodução assexuada e resistência, podendo sobreviver por longos períodos sem alimento.

As mudanças climáticas também desempenham um papel significativo. Invernos mais quentes e verões prolongados proporcionam condições ideais para a atividade e reprodução desses aracnídeos. Segundo o Instituto Butantan, o aumento da temperatura acelera o metabolismo dos escorpiões, tornando-os mais ativos e propensos a entrar em contato com humanos.

Impacto nas regiões urbanas

O estado de São Paulo exemplifica a gravidade da situação. Em 2023, foram registrados 49.381 casos de picadas de escorpião, o maior número desde 1988. Até setembro de 2024, já haviam sido contabilizados 24.727 casos. As regiões de Araçatuba e São José do Rio Preto são as mais afetadas, com apenas nove dos 645 municípios do estado sem registros de acidentes.

Grupos de risco e sintomas

Embora a taxa de mortalidade seja relativamente baixa (cerca de 0,1% dos casos), crianças e idosos são os mais vulneráveis aos efeitos do veneno neurotóxico dos escorpiões. Os sintomas incluem dor intensa, inchaço, sudorese, náuseas e, em casos graves, complicações cardíacas e respiratórias. A recomendação é buscar atendimento médico imediato, preferencialmente nas primeiras três horas após a picada.

Medidas de prevenção e controle

Para reduzir o risco de acidentes, especialistas sugerem:

  • Manter ambientes limpos e livres de entulhos.
  • Vedação de frestas em paredes e pisos.
  • Instalação de telas em ralos e janelas.
  • Inspeção de roupas, calçados e toalhas antes do uso.

Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito e soro antiescorpiônico em hospitais e centros de emergência. No entanto, a crescente demanda tem pressionado os estoques e a capacidade de resposta das unidades de saúde.

Falta de soro e desafios no atendimento

Apesar do aumento de casos, muitos postos de saúde ainda não têm estoque suficiente de soro antiescorpiônico. A BBC Brasil destacou que regiões periféricas são as mais afetadas pela demora no socorro.

Enquanto autoridades buscam estratégias de controle, a população precisa redobrar os cuidados. Como alerta o biólogo Rogério Bertani, do Instituto Butantan, em entrevista ao UOL“o escorpião veio para ficar, e o combate depende tanto do poder público quanto da conscientização individual”.

Perspectivas e desafios futuros

Pesquisadores projetam que, entre 2025 e 2033, o Brasil poderá registrar até 2 milhões de novos casos de picadas de escorpião. Diante desse cenário, é imperativo que políticas públicas sejam implementadas para melhorar o planejamento urbano, o saneamento básico e a educação da população sobre medidas preventivas. Embora os escorpiões desempenhem um papel ecológico importante, como o controle de pragas, é essencial equilibrar sua presença nos ecossistemas com a segurança e saúde das comunidades humanas