ONU lança campanha para proteger locais religiosos

O secretário-geral da ONU, António Guterres , lançou esta quinta (12), em Nova Iorque, o Plano de Ação das Nações Unidas para Salvaguardar Locais Religiosos.

Durante o lançamento, António Guterres disse que “locais de culto devem ser refúgios seguros para reflexão e paz, não locais de derramamento de sangue e terror.”

O chefe da ONU afirmou que “o mundo está enfrentando uma onda de antissemitismo, ódio anti-muçulmano, ataques contra cristãos e intolerância contra outros grupos religiosos.”

Segundo ele, somente nos últimos meses, judeus foram assassinados em sinagogas, muçulmanos mortos em mesquitas e cristãos mortos em oração.

Brasil

No Brasil tem aumentado os ataques a locais de culto das religiões de matriz africana. Nas comunidades mais carentes grupos ligados ao tráfico de drogas têm expulsado sistematicamente os praticantes dessas religiões. Os traficantes “de cristo”, como se autodenominam ameaçam as lideranças religiosas e depredam os terreiros de Umbanda e Candomblé. Em 2018 foram registrados 213 ataques a terreiros no Brasil: um aumento de 47% em comparação com o ano de 2017.

Documento

Em março desse ano, depois de um ataque a uma mesquita em Christchurch, na Nova Zelândia, Guterres pediu ao alto representante da Aliança das Civilizações, Miguel Moratinos, que desenvolvesse um plano.

Na apresentação, Moratinos explicou que se reuniu com governos, líderes e organizações religiosas, sociedade civil, jovens, membros da comunicação social e setor privado para preparar o documento.

O alto representante disse que o plano pretende “ser um documento orientado para resultados que possa fornecer melhor preparação e resposta a possíveis ataques contra locais religiosos.”

Segundo ele, o sucesso da estratégia depende “da sua implementação e no compromisso de todas as partes interessadas, em particular dos Estados-membros.”

Planos

O Plano de Ação será complementado pelo Programa Global sobre Proteção de Alvos Vulneráveis, que está sendo preparado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc.

O plano fornece recomendações concretas para garantir que os locais religiosos sejam seguros, que os fiéis possam cumprir seus rituais em paz e que os valores de compaixão e tolerância sejam promovidos em todo o mundo.

O documento tem como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos e sete princípios: respeito, responsabilidade, diversidade, diálogo, solidariedade, atuar juntos e ficar juntos.

Segundo António Guterres, esses esforços são complementados pela Estratégia e Plano de Ação sobre Discurso de Ódio, que a ONU lançou em junho.

O chefe da ONU afirmou que “ambos os planos fornecem novas ferramentas importantes que se reforçam mutuamente para combater a intolerância e promover a coexistência pacífica.”

Ódio

Falando a jornalistas após a apresentação, António Guterres disse que quando locais religiosos “são atacados, são atacados os próprios pilares da sociedade.”

Segundo ele, além da violência contra estes lugares, “retórica repugnante também está se espalhando como fogo.” Isso inclui discursos de ódio contra grupos religiosos, mas também migrantes, refugiados e minorias, e afirmações de supremacia branca e um ressurgimento da ideologia neonazista.

Guterres concluiu dizendo que “o ódio é uma ameaça para todos e, por isso, combatê-lo deve ser um trabalho para todos.”

Com informações da ONU News